LGBTQIAPN+: quais são as dificuldades financeiras dessa comunidade?

A comunidade LGBTQIA+ enfrenta muitas dificuldades financeiras que começam na falta de apoio familiar, pouco estudo e preconceito no mercado de trabalho.
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A comunidade LGBT representa cerca de 10% da população mundial. Pertencer a essa sigla significa lutar por muitos direitos, não é só pelo “direito de amar”, mas sim pelo direito de existir, de identidade, de conquistar tudo que é possível, em pé de igualdade, sendo quem você é.

Porém, existe uma barreira que precisa ser mostrada: as dificuldades financeiras LGBTQIAPN+ que começam dentro de casa e acabam perdurando ao longo de décadas. Muitas pessoas são expulsas e perdem todo o apoio familiar apenas por serem quem são.

Para se ter uma ideia, pessoas trans costumam ser expulsa da casa dos pais aos 13 anos de idade, aproximadamente, segundo Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

Sem o apoio familiar e financeiro, nessa idade essas pessoas também perdem o acesso à escola, o que diminui as possibilidades de conquistar um primeiro emprego formal.

Em paralelo, o mercado de trabalho ainda falha na contratação de profissionais da comunidade. Pesquisas mostram que 38% das empresas têm restrições para contratar LGBTQIAPN+.

Ou seja, com preconceito, falta de apoio e pouco estudo, começam a surgir as primeiras dificuldades financeiras para quem é da comunidade.

Nós da Neon acreditamos que todos podem ter uma vida financeira melhor e um futuro brilhante! Porém, quando se trata da comunidade LGBTQIAPN+, é importante lembrar que alguns problemas têm causas mais profundas e que envolvem muito preconceito, o que aumenta as dificuldades.

Diante desses dados, precisamos mostrar no detalhe os desafios enfrentados pela comunidade para jogar luz sobre o assunto e trabalhar para mudar essa realidade.

Esperamos que você faça essa leitura de coração aberto, aprenda bastante e entenda a importância de celebrar orgulho!

Primeiro desafio: a falta de apoio familiar

As primeiras dificuldades financeiras surgem dentro de casa. Muitas pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam preconceito por parte dos pais e acabam sendo expulsas de casa.

Tomar a decisão de morar sozinho já não é simples para quem tem apoio e emprego estável: você precisa ter uma reserva de emergência, escolher o melhor imóvel para sua condição financeira e necessidade, precisa comprar móveis e se preparar para enfrentar muitas contas pelas frente.

E quando você não planeja nada disso e tampouco tem dinheiro suficiente para começar sua vida longe da casa dos pais?

Com isso, a falta de renda pode levar muitas pessoas para rua. Pesquisas mostram que 5,3% a 8,9% da população em situação de rua é da comunidade LGBT.

Inserção LGBT no mercado de trabalho

Se há falta de dinheiro, o próximo passo é buscar um emprego, certo? Nesse momento, nos deparamos com outra dificuldade.

A inserção LGBT no mercado de trabalho não é fácil. As barreiras são muitas e todas vindas de um preconceito muito forte contra a comunidade.

Do medo de lidar com a discriminação dos colegas até a perda efetiva de um emprego, os LGBTQIAPN+ optam por esconder sua sexualidade no ambiente de trabalho.

No Brasil, 61% não compartilham sua orientação sexual com colegas e gestores, segundo dados do Center for Talent Innovation.

Se você se pergunta o motivo desse medo, alguns outros números podem ajudar a compreender. O preconceito no mercado de trabalho pode ser visto quando nos deparamos com outro dado da pesquisa acima: 33% das empresas do Brasil não contratariam pessoas LGBTQIAPN+ para cargos de chefia.

E quando há contratação de pessoas da comunidade, ainda é preciso lidar com o preconceito de alguns colegas. A pesquisa também mostra que 41% dos funcionários LGBTQIAPN+ afirmam terem sofrido algum tipo de discriminação em razão da sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho.

Uma dificuldade ainda maior na letra T

Não é possível falar sobre preconceito LGBT no mercado de trabalho sem citar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas trans.

Antes de começar esse tópico, é importante explicarmos alguns pontos:

  • Transgênero: o termo trans é utilizado para se referir a uma pessoa que não se identifica com o gênero ao qual foi designado em seu nascimento
  • Cisgênero: o termo cis é utilizado para se referir às pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado em seu nascimento
  • Passabilidade: é o termo usado para a capacidade de uma pessoa ser considerada membro de um grupo ou categoria identitária diferente da sua. No caso das pessoas trans, é usado para quem tem mais facilidade de aparentar ser uma pessoa cisgênero

Você pode se aprofundar em outros termos usados pela comunidade trans!

No Brasil, 90% das mulheres trans e travestis têm como fonte de renda e possibilidade de subsistência a prostituição, enquanto 6% realizam trabalho informal e apenas 4% o trabalho formal, segundo a ANTRA.

Relembrando o dado comentado no início deste conteúdo, as pessoas trans costumam sair de casa aos 13 anos. Sem estudo ou apoio psicológico e financeiro, muitas mulheres trans e travestis encontram na prostituição a única chance de sobrevivência.

Os 10% que não se enquadram na estatística ainda passam por outros desafios.

Na hora de mostrar os documentos para a empresa contratantes, as pessoas trans enfrentam dificuldade por nem sempre terem seu nome retificado nos documentos. Além disso, elas precisam passar pelo constrangimento de não serem chamadas pelo nome social.

A baixa escolaridade se junta ao preconceito nas dificuldades de uma pessoa trans encontrar um emprego. Apenas 72% das trans completaram o ensino médio e apenas 0,02% estão na faculdade, segundo o Projeto Além do Arco-íris, da Afroreggae.

A passabilidade também é um fator que dificulta a contratação das pessoas trans e travestis. Quanto menos passável a pessoa for, mais ela está sujeita ao preconceito. Assim, a diferença de contratados em algumas letras da sigla é muito maior.

Hoje existem iniciativas que buscam apoiar a contratação de pessoas trans no mercado de trabalho. O TransEmpregos, por exemplo, é o maior e mais antigo projeto de empregabilidade de pessoas trans do Brasil.

Isso mostra que estamos caminhando para mudar esse cenário, mas acabar com o preconceito LGBT no mercado de trabalho ainda é um longo caminho a ser percorrido.

Impactos da pandemia nas finanças LGBT

Não podemos deixar de lado os dados da pandemia! O que não mudou neste período, não é mesmo?

O preço dos alimentos aumentou, a principal regra se tornou “fique em casa”, a saúde mental e física passaram por altos e baixos, e claro que alguns impactos foram mais intensos para a sigla.

Segundo uma pesquisa realizada pela Vote LGBT, os maiores impactos sentidos pela comunidade durante a pandemia foram: piora na saúde mental, afastamento da rede de apoio e falta de fonte de renda.

Precisa de apoio psicológico? Leia o conteúdo “Terapia Popular: alternativas gratuitas para sua saúde mental e financeira!”

Falta de fonte de renda

10,62% dos entrevistados relataram a falta de dinheiro como maior impacto da pandemia e 7% apontaram a falta de trabalho.

Além disso, o índice de desemprego atingiu 21,6% da comunidade LGBTQIAPN+ em abril de 2020, enquanto a média de desemprego de brasileiros é de 14,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E os dados não param por aí! Também segundo a pesquisa da Vote LGBT:

  • 3 em cada 10 dos desempregados já estão sem emprego há mais de 1 ano
  • 1 em cada 5 pessoas LGBT+ não possui nenhuma fonte de renda individual hoje
  • 1 em cada 4 perderam emprego em razão da Covid-19
  • 44,3% das pessoas LGBT+ tiveram suas atividades totalmente paralisadas durante o isolamento
  • 40% das pessoas LGBT+ e metade das pessoas trans (53,35%) não conseguem sobreviver sem renda por mais de 1 mês caso percam sua fonte financeira hoje

Sabemos que muitas pessoas enfrentam dificuldades financeiras, principalmente com a pandemia. Porém, não podemos deixar de lado que ainda há muito preconceito impedindo que a vida financeira da comunidade LGBTQIAPN+ seja mais confortável.

Como empresa, estamos fazendo o que está no nosso alcance para transformar a estrutura interna da Neon e causar um impacto positivo na sociedade como um todo.

Conheça algumas ações que estamos fazendo voltadas para a celebração do Mês do Orgulho LGBTQIAPN+.

Conta para a gente nos comentários, você sabia que as dificuldades financeiras enfrentadas pela comunidade eram tantas?

O propósito da Neon é diminuir desigualdades, mostrando caminhos financeiros mais simples e justos, porque todos merecem um futuro brilhante. A educação financeira é um dos principais pilares para fazer isso acontecer, por isso estamos aqui para te acompanhar em sua jornada com as finanças.

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