
Entenda como funciona a previdência privada e se vale a pena investir

Saber como funciona a previdência privada é importante para quem pensa no futuro e quer garantir sua tranquilidade.
Basicamente, esse é um investimento feito para formar uma reserva financeira e ter uma renda melhor lá na frente, sem depender só da previdência social do governo, administrada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Você sabia, por exemplo, que 90% dos brasileiros não guardam dinheiro para a aposentadoria? É o que revela uma pesquisa da Allianz publicada em 2020 na InfoMoney, para a preocupação geral da nação.
Se você quer estar entre os 10% precavidos, continue lendo e entenda como funciona a previdência privada.
O que é e como funciona a previdência privada
Como o próprio nome sugere, esse investimento é uma alternativa ao INSS. Hoje existem várias opções de fundos previdenciários abertos comercializados em forma de planos por bancos, corretoras e seguradoras, além dos fundos fechados oferecidos por empresas aos seus colaboradores.
Para quem quer complementar a aposentadoria pública ou assegurar uma renda maior lá na frente, essa é a aplicação de longo prazo mais indicada.
Na prática, é um fundo de investimento com algumas regras diferenciadas, pensadas para facilitar o acúmulo de patrimônio ao longo dos anos.
Para começar, a previdência privada funciona em duas fases:
- Fase de arrecadação: é o período em que você vai fazer aplicações frequentes para acumular dinheiro e rentabilizar seu patrimônio
- Fase de usufruto: é a fase de recebimento do capital acumulado, quando você pode escolher entre fazer um resgate total ou parcial de forma independente ou contratar uma modalidade de renda (ex.: renda vitalícia ou renda temporária)
Durante a fase de arrecadação, você aplica dinheiro no fundo previdenciário e ele rende conforme a estratégia e composição dos ativos.
Quanto maior for o prazo de investimento, mais seu patrimônio vai crescer para gerar uma boa renda no futuro — daí a importância de investir por vários anos na previdência privada.
Leia também: Regra 1-3-6-9: aprenda a poupar para uma aposentadoria tranquila
Diferença entre previdência privada e outros investimentos
Quando você descobre como funciona a previdência privada, as diferenças em relação a outros investimentos do mercado ficam mais claras.
Apesar de ser classificada como um fundo de investimento, ela tem um tratamento tributário exclusivo e regras que incentivam a aplicação para o futuro.
Como vimos, para quem quer complementar a aposentadoria pública, esse é o único tipo de investimento que permite a contratação de uma renda após o período de acumulação.
Essa renda pode ser vitalícia (até o fim da vida) por um prazo mínimo, ou temporária. Além disso, pode ser transferida para beneficiários como o cônjuge e filhos menores.
Se preferir, você também pode fazer o resgate total do valor acumulado ou resgates parciais conforme a necessidade, o que faz da previdência privada uma alternativa para alcançar outros objetivos futuros (ex.: comprar um imóvel).
Outro diferencial da previdência privada são benefícios fiscais como a isenção de “come-cotas” (antecipação do Imposto de Renda aplicada a outros fundos) e a possibilidade de desconto na base de cálculo do IR, o que não se aplica a outros investimentos.
Além disso, o valor acumulado nesse tipo de fundo não passa por inventário e é facilmente transferido aos herdeiros — daí a vantagem em utilizar a previdência privada no planejamento sucessório.
Por outro lado, o plano previdenciário tem baixa liquidez e não é indicado para quem pretende resgatar dinheiro em poucos anos, pois seus benefícios vêm justamente com a aplicação a longo prazo.
Por que vale a pena ter uma previdência privada
Depois de entender como funciona a previdência privada, você pode avaliar se essa é a melhor opção para construir patrimônio e ter uma boa reserva para o futuro.
De modo geral, esse investimento vale a pena para quem não quer depender só do INSS e quer garantir uma renda extra para uma aposentadoria tranquila.
Com as notícias frequentes sobre o déficit da previdência social — durante a pandemia, o rombo chegou a R$ 140 bilhões, segundo dados do INSS publicados no R7 — e o impacto da Reforma da Previdência, a previdência privada vem ganhando força como um seguro pessoal para a terceira idade.
Considerando que a tendência é a inversão da pirâmide etária e aumento do número de idosos no país, está cada vez mais difícil confiar na capacidade do governo de assegurar uma aposentadoria digna para todos.
Por isso, muitas pessoas preferem se garantir com a previdência privada e gerenciar seus próprios recursos para o futuro.
Mas, antes de aplicar seu dinheiro, é importante analisar se o plano é vantajoso e oferece uma rentabilidade atrativa, já que existem outras opções de investimento de longo prazo no mercado financeiro.
5 pontos para entender como funciona a previdência privada
Para ter mais clareza sobre como funciona a previdência privada, você precisa conhecer os principais tipos de planos oferecidos no mercado e suas características.
Confira os pontos mais importantes sobre esse investimento.
1. VGBL e PGBL
Os dois principais tipos de planos oferecidos no mercado quando se trata de previdência privada é o VGBL e PGBL. Mas você sabe o que eles são e quais as diferenças entre um e outro?
Confira o quadro comparativo:
VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) |
PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) |
É classificado como seguro de vida com cobertura de sobrevivência |
É classificado como plano de previdência complementar |
O IR é cobrado somente sobre os rendimentos do plano |
O IR é cobrado sobre o valor total acumulado (aplicação + rendimentos) |
Não permite dedução na declaração do IR |
Permite dedução de até 12% da base de cálculo do IR |
É indicado para quem faz a declaração simplificada do IR |
É indicado para quem faz a declaração completa do IR |
Logo, a principal diferença entre o PGBL e VGBL é a questão tributária — de resto, todas as regras são as mesmas.
Lembrando que você só pode migrar de PGBL para PGBL e de VGBL para VGBL, caso pretenda usar a portabilidade.
2. Tabela regressiva e progressiva
Outro ponto fundamental para entender como funciona a previdência privada é conhecer os dois regimes tributários (tabelas de cobrança de IR) possíveis para o plano.
Basicamente, o Imposto de Renda é descontado toda vez que você faz uma retirada do fundo ou no momento de receber a renda contratada.
Você pode escolher a tabela progressiva, que é a mesma aplicada aos salários e aposentadoria, ou a tabela regressiva, que é uma exclusividade da previdência privada.
A diferença é que na tabela regressiva as alíquotas diminuem conforme o tempo de aplicação, podendo chegar a apenas 10% após 10 anos de investimentos — daí a vantagem em investir no fundo previdenciário a longo prazo.
Confira os impostos na modalidade regressiva:
Prazo de acumulação |
Alíquota retida na fonte |
Até 2 anos |
35% |
Acima de 2 anos e até 4 anos |
30% |
Acima de 4 anos e até 6 anos |
25% |
Acima de 6 anos e até 8 anos |
20% |
Acima de 8 anos e até 10 anos |
15% |
Acima de 10 anos |
10% |
Já na tabela progressiva, as alíquotas aumentam conforme o valor resgatado, como você pode ver abaixo na tabela mensal:
Base de cálculo mensal |
Alíquota |
Parcela a deduzir do IRPF |
Até R$ 1.903,98 |
Isento |
– |
De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 |
7,5% |
R$ 142,80 |
De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 |
15% |
R$ 354,80 |
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 |
22,5% |
R$ 636,13 |
Acima de R$ 4.664,68 |
27,5% |
R$ 869,36 |
Logo, compensa mais usar a tabela regressiva se você pretende deixar o dinheiro aplicado por vários anos (ex.: um resgate total após 10 anos descontaria apenas 10%, em vez dos 27,5% da progressiva para valores maiores).
Mas a progressiva também pode ser vantajosa caso você queira resgatar valores baixos no futuro (ex.: retiradas mensais inferiores a R$ 1.903,98 seriam isentas de dedução).
3. Renda fixa e renda variável
A previdência privada é um produto financeiro muito versátil, pois existem fundos de investimento com foco em renda variável, renda fixa e multimercado.
Ou seja: você pode escolher um plano mais conservador, que invista em ativos de baixo risco, como títulos públicos, ou um plano mais arrojado que invista em ações e câmbio, por exemplo.
Como em qualquer investimento, quanto maior o risco da carteira, maior o potencial de rentabilidade. Logo, a escolha depende do seu perfil de investidor, tolerância ao risco e expectativa de ganhos com a previdência.
4. Taxas e carências
Na hora de conferir como funciona a previdência privada, é importante verificar quais taxas são cobradas e quais são as regras do plano.
Alguns fundos ainda cobram as chamadas taxas de carregamento, que são porcentagens descontadas sobre cada aplicação ou retirada — o que pode prejudicar a rentabilidade.
Por isso, a dica é preferir planos que não cobrem essas tarifas e tenham uma taxa de administração baixa (por volta de 1%).
Além disso, é preciso estar atento a regras como carência (tempo mínimo de aplicação até o primeiro resgate) e aportes (alguns planos exigem valor e frequência mínima). Considere sua realidade financeira para fazer a melhor escolha.
5. Formas de recebimento
Por fim, é preciso saber quais são as formas de recebimento oferecidas antes de contratar um plano de previdência privada.
As mais comuns são a renda vitalícia, renda vitalícia reversível ao cônjuge e filhos menores, renda por prazo certo e renda com prazo mínimo garantido.
Se não quiser contratar uma renda, é importante ter a opção de fazer o resgate total ou resgates programados para gerenciar seu dinheiro como preferir.
Entendeu como funciona a previdência privada e quais opções você tem?
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