O que é IPO e como aproveitar esse momento na bolsa de valores?

Veja aqui tudo o que você precisa conhecer sobre o que é IPO, como funciona, quais empresas podem fazer e como comprar ações nesse dia.
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Quer saber o que é IPO e como você pode aproveitar essa oferta pública para investir em ações? Estamos falando do momento em que uma empresa decide abrir seu capital e começa a negociar seus papéis na bolsa de valores.

Quando isso acontece, você, investidor, pode comprar as primeiras ações ofertadas pela organização, se concluir que elas têm potencial de valorização.

Vamos explicar exatamente o que é IPO e quando vale a pena participar desse evento. Então, continue lendo e aprenda sobre essa oportunidade da bolsa.

O que é IPO?

Definir o que é IPO é simples: é a sigla para “Initial Public Offering”, que significa “Oferta Pública Inicial” em português. Como o termo sugere, é a primeira oferta de ações que uma empresa realiza na bolsa de valores, marcando a abertura do seu capital.

A partir desse momento, a organização começa a vender ações para investidores como forma de captar recursos, dividindo a propriedade do negócio com novos acionistas.

Só para você entender: ação é a menor fração do capital social de uma empresa, que dá ao seu titular o direito à participação nos resultados e, em alguns casos, direito ao voto em assembleia.

Dizemos que a uma empresa é de capital aberto quando ela negocia ações e outros valores mobiliários de forma pública, permitindo que qualquer investidor compre e venda seus papéis. Já a organização de capital fechado mantém suas ações concentradas apenas nos sócios, sem ofertar títulos ao mercado financeiro.

Logo, o IPO é o evento de abertura desse capital na bolsa, que ocorre quando a empresa atinge um nível de maturidade e rentabilidade promissor.

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Como funciona o IPO

O IPO é um processo longo e burocrático, porque envolve várias etapas de auditoria e obriga a empresa a cumprir inúmeros requisitos legais para concluir a abertura de capital.

Para começar, o negócio precisa estar constituído juridicamente como uma Sociedade Anônima (S/A) e iniciar o processo de planejamento com meses de antecedência.

Para ser elegível ao IPO, a empresa precisa apresentar três anos de balanços auditados, ou seja, resultados financeiros submetidos a auditorias externas — tudo para comprovar seu potencial de geração de valor.

Segundo um estudo da PwC publicado em 2019, 73% das empresas brasileiras levam em média seis meses para fazer um IPO e dois terços delas gastam mais de R$ 2 milhões no processo, só para você ter uma ideia.

Na hora de se registrar na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é o órgão regulador do mercado de capitais, a empresa deve escolher se fará a abertura por meio da oferta pública ou oferta restrita:

  • Oferta pública: é a forma tradicional de abertura na bolsa, que permite à empresa emitir ações para um número ilimitado de investidores (pessoas físicas e jurídicas). É obrigatório passar pela análise prévia da CVM, elaborar um prospecto e anunciar o IPO
  • Oferta restrita: é uma forma mais simples de abrir capital, que não exige análise ou registro na CVM nem elaboração de prospecto, mas limita a emissão de ações apenas para investidores profissionais (que investem acima de R$ 10 milhões). Além disso, a empresa só pode ofertar as ações a 75 investidores e apenas 50 podem comprar

A oferta restrita é bem menos burocrática, mas também restringe muito a negociação de ações.

Depois, no Brasil, a empresa ainda tem que solicitar a listagem na bolsa à B3, a Bolsa de Valores brasileira, e selecionar um banco de investimento para intermediar o processo.

No caso do IPO tradicional, todas as informações são resumidas em um prospecto: uma proposta oficial direcionada ao investidor que contém as regras da oferta, preços das ações, destinação dos recursos captados, riscos da oferta, situação financeira da empresa e perspectivas, entre outros dados que facilitam a tomada de decisão.

Após a publicação desse prospecto, o IPO ainda passa pelas seguintes fases:

  • Período de reserva: fase em que os investidores podem enviar ordens de compra e reservar ações do IPO por meio das corretoras de valores
  • Bookbuilding: a partir do interesse demonstrado pelos investidores institucionais e do varejo, a empresa analisa as ofertas e define um preço coerente para as ações
  • Dia D: as ações começam a ser efetivamente negociadas no pregão da bolsa de valores

Quais empresas podem fazer um IPO

Tradicionalmente, o IPO é mais comum nas empresas que faturam centenas de milhões, mas não há um faturamento mínimo exigido para abrir capital na bolsa.

O importante é que a empresa seja capaz de provar seu potencial financeiro e atratividade aos investidores, mesmo que seja de menor porte.

Um exemplo do que os especialistas chamam de “mini-IPO” foi o da empresa Priner, uma companhia de serviços industriais que fez uma oferta inicial de R$ 200 milhões na bolsa em fevereiro de 2020 — valor muito abaixo das aberturas de grandes empresas, que costumam superar R$ 1 bilhão.

Segundo dados da B3 publicados no Seu Dinheiro, a empresa vendeu suas primeiras ações a R$ 10 cada, de olho no crescimento dos pequenos investidores na bolsa de valores.

Enquanto isso, a Locaweb fez seu IPO no mesmo mês captando R$ 1,3 bilhão em ações com preço inicial de R$ 17,25 cada, conforme divulgado na InfoMoney.

Por que as empresas fazem IPO

Para as empresas, o IPO é considerado um grande momento, pois indica que o negócio atingiu um patamar rentável, está pronto para captar novos recursos no mercado e crescer ainda mais.

O primeiro grande motivo para abrir capital é, obviamente, o acesso ao dinheiro dos investidores, que financiam a expansão do negócio em troca da participação nos resultados.

Ao emitir ações, a empresa também ganha liquidez, pois os acionistas podem vender os títulos a qualquer momento e transformá-los em dinheiro quando necessário.

Além disso, o IPO é visto como uma conquista e coloca a empresa em evidência no mercado, trazendo inúmeros benefícios para sua imagem e reputação.

Por outro lado, a abertura de capital também obriga a empresa a prestar contas de forma recorrente aos acionistas e exige uma gestão muito mais rigorosa.

E para o investidor, vale a pena participar de um IPO?

Do lado do investidor, o IPO pode ser uma grande oportunidade para comprar as primeiras ações de uma empresa e lucrar com sua valorização, dependendo das condições do negócio. Normalmente, os IPOs geram grande expectativa no mercado, mas é preciso ter experiência e analisar o prospecto com calma antes de sair comprando os papéis.

De acordo com um levantamento feito pela Economatica e publicado em 2019 no UOL, 64% das empresas que fizeram IPO desde 2004 entregaram retornos superiores ao Ibovespa (principal índice do mercado de ações) dois meses após a abertura.

Ou seja: a maior parte dos investidores que entrou nos IPOs saiu ganhando, em comparação com aqueles que continuaram negociando apenas as ações existentes no mercado. Mas é claro que isso não é uma regra e o lucro não é garantido, pois é impossível prever se o preço da ação vai cair ou subir após o IPO.

Além disso, a desvantagem da oferta pública inicial é que você não tem dados anteriores sobre o desempenho da empresa na bolsa para avaliar — tudo vai depender da oferta e demanda do mercado e dos movimentos da economia.

Antes de reservar ações, você precisa estudar a fundo o potencial de crescimento da empresa, definir sua estratégia de investimento e decidir se é um bom negócio ou não.

Falando em ações na bolsa de valores, você sabe o que é BDR e por que investir nesses papéis? Confira aqui.

Como participar de um IPO em 6 passos

Agora que você sabe o que é IPO, já pode participar da oferta pública de ações quando tiver interesse. Veja a seguir alguns passos que poderão te ajudar a acertar de primeira.

1. Abra uma conta em uma corretora

Para negociar qualquer ativo na bolsa de valores, você precisa primeiro abrir uma conta em uma corretora de valores habilitada.

Se tiver dúvidas, confira nosso guia para começar a investir na bolsa de valores e nosso artigo sobre investimentos para iniciantes antes de seguir para o próximo passo.

2. Acompanhe os IPOs

Depois de aprender como funciona o investimento em ações e estudar o mercado, você pode acompanhar as ofertas públicas da bolsa em vários canais.

Para saber quais negócios estão fazendo IPO, você pode consultar o site da CVM, o próprio site da B3 ou o site da sua corretora, que também deve enviar informativos sobre as novas ofertas de ações.

Além disso, a abertura de capital de empresas sempre gera grande repercussão na mídia de negócios, incluindo sites como InfoMoney e Valor Econômico.

3. Estude o prospecto

Antes de entrar em um IPO, é fundamental estudar com calma o prospecto e analisar aspectos como:

  • Nível de governança corporativa da empresa (Nível 1, Nível 2, Novo Mercado, Bovespa Mais ou Bovespa Mais Nível 2)
  • Perspectivas em relação ao setor econômico e mercado em que a empresa atua
  • Vantagem competitiva em relação à concorrência
  • Perfil da gestão
  • Fatores de risco envolvidos

4. Defina sua estratégia

Há duas principais estratégias que os investidores adotam ao entrar em um IPO:

  • Investimento de médio/longo prazo: é quando o investidor compra a ação na oferta inicial com perspectiva de manter sua posição por meses ou anos, acreditando na valorização em médio/longo prazo (estratégia mais segura)
  • Investimento de curto prazo: é quando o investidor compra a ação no IPO com a pretensão de vendê-la no próprio Dia D, apostando em uma disparada do preço na abertura. Essa operação de alto risco é conhecida como “flipagem” e seus adeptos são chamados de “flippers”

5. Faça o pedido de reserva e o pagamento

Quando houver um IPO do seu interesse, basta fazer um pedido de reserva de ações por meio da sua corretora.

Você terá que indicar a quantidade de ações que pretende comprar e quanto está disposto a pagar por elas, além de enviar alguns documentos (em alguns casos, pode ser necessário depositar garantias).

Assim que o bookbuilding for finalizado, você será informado sobre o preço final dos papéis e poderá efetivar o pagamento.

6. Acompanhe a abertura das negociações

Logo após a compra das ações do IPO, você deverá acompanhar o pregão de abertura e suas primeiras negociações. De modo geral, a tendência de queda ou valorização dos papéis aparece logo nas primeiras horas.

Então, cabe a você decidir por quanto tempo manter as ações no portfólio e se há boas perspectivas de ganhos com elas.

Entendeu o que é IPO e como participar de um? Conta para a gente nos comentários se você já investe na bolsa e como tem sido sua experiência!

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