Fim do dinheiro de papel? 9 razões para acreditar que sim

O dinheiro de papel está ameaçado de extinção e a tendência é que as transações sejam 100% digitais. Veja 9 motivos para acreditar no fim do papel-moeda.
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Um mundo sem dinheiro de papel já é possível e está mais próximo do que você imagina. Em alguns países, as cédulas e moedas estão em processo de extinção e a economia está se tornando 100% digital.

Apesar de parecer uma realidade distante, o Brasil já está dando seus primeiros passos em direção a isso e o Banco Central está empenhado em acelerar essa transformação digital.

Soa futurístico para você? Então, vamos ver se você concorda com nossos motivos para acreditar no fim do dinheiro de papel.

O dinheiro de papel está com os dias contados?

O dinheiro de papel ainda é o meio de pagamento preferido dos brasileiros, mas há fortes indícios de que esse cenário pode mudar nos próximos anos.

Aos poucos, ele vem perdendo espaço para os cartões de débito e crédito, pagamentos por aproximação e transações digitais em geral, e a tendência de acabar com o papel-moeda é global.

Na pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro” publicada em 2018 pelo Banco Central, 60% dos brasileiros afirmam que as cédulas e moedas ainda são seu meio de pagamento mais frequente, enquanto 38% preferem cartões e débito automático.

Já uma pesquisa da Capterra publicada em 2020 mostra que os pagamentos digitais cresceram 32% durante a pandemia do coronavírus.

Além disso, com o surgimento do Pix ficou claro que o plano do Banco Central é acelerar a digitalização do sistema financeiro e inverter o cenário no país.

É claro que o dinheiro físico não vai sair de circulação tão cedo, mas todos os caminhos apontam para a desmonetização, a extinção gradual do papel-moeda, como veremos adiante.

Fim do dinheiro de papel: uma tendência mundial

A queda no uso do dinheiro de papel no Brasil é reflexo de uma tendência mundial e alguns países estão liderando essa transformação.

Em 2018, a Suécia anunciou que pretendia abolir o dinheiro vivo até 2025 e criou as redes bancárias “cash free” (que só aceitam transações digitais).

Na Índia, o governo retirou as cédulas de maior valor de circulação em 2016 e lançou o programa “Cashless India” com o objetivo de transformar o país em uma economia digital.

Já a China planeja lançar o yuan digital em 2021 e quer abolir definitivamente o dinheiro em espécie.

Logo, não surpreende que o Banco Central esteja empenhado em posicionar o Brasil nesse cenário e acelerar a digitalização do dinheiro, mesmo com todos os obstáculos econômicos, culturais, políticos e sociais.

Obstáculos para acabar com o dinheiro de papel no Brasil

Acabar com o dinheiro de papel é um objetivo claro no Brasil, mas não vai ser nada fácil atingi-lo.

Culturalmente, o brasileiro gosta de pagar em dinheiro, optando por esse meio de pagamento em 52% das compras, segundo pesquisa do BC mencionada anteriormente.

Isso acontece porque muitos pontos de venda ainda aceitam apenas dinheiro, principalmente para valores menores, e boa parte da população sente que tem mais controle sobre os gastos com notas e moedas.

Além disso, a dificuldade de acesso a serviços bancários também contribui com a preferência pelo dinheiro físico, pois existem mais de 45 milhões de desbancarizados no país, segundo uma pesquisa do Instituto Locomotiva publicada em 2019 no InfoMoney.

Para acabar com o dinheiro em espécie, será preciso garantir o acesso aos serviços financeiros digitais, promover a inclusão financeira e realizar uma verdadeira revolução cultural.

9 motivos para acreditar que o dinheiro de papel vai acabar

Mesmo com os obstáculos, o fim do dinheiro de papel no Brasil já é certo, mesmo que ainda demore muitos anos.

Veja alguns motivos para acreditar nessa tese.

1. O dinheiro de papel custa caro

Uma boa razão para eliminar o dinheiro de papel é seu alto custo de produção.

Segundo dados do Banco Central publicados em 2020 no Tecnoblog, só a impressão de notas de R$ 200 e R$ 100 vai custar R$ 114 milhões aos cofres públicos em 2020. Além disso, em 2019, o BC gastou R$ 90 bilhões apenas com transporte, armazenamento e segurança de cédulas.

Com os pagamentos digitais, todos esses gastos são eliminados e fica mais barato fazer o dinheiro circular no país.

2. Os pagamentos digitais só crescem

Um sinal claro de que o fim do dinheiro de papel está próximo é o aumento considerável dos pagamentos digitais no país.

Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) publicados na ISTOÉ em 2020, os pagamentos com cartões de débito e crédito cresceram 14,1% no primeiro trimestre do ano.

Outro estudo da ABECS publicado em 2020 no Olhar Digital mostra que o pagamento por aproximação cresceu 330% durante a pandemia e que 67% dos consumidores pretendem continuar usando o meio de pagamento.

Aqui explicamos como funciona o pagamento por aproximação, confira.

3. O Pix veio para acabar com o dinheiro de papel

O Pix é considerado o primeiro passo do plano do Banco Central para acabar com o dinheiro físico no país.

Com o sistema de pagamentos instantâneos em vigor, os consumidores já podem fazer transações em até 10 segundos com disponibilidade 24 horas por dia, sete dias por semana.

Agora, a tendência é que as chaves Pix e o QR Code substituam outros meios de pagamento e transferências, ampliando a digitalização do sistema financeiro.

De acordo com o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, o Pix deve reduzir consideravelmente o volume de papel-moeda em circulação no país.

Em entrevista à InfoMoney de 2020, ele reforça que o dinheiro espécie é muito caro para o país e diz que o plano do BC é eliminar o papel-moeda a médio e longo prazo.

4. O pagamento digital é mais inclusivo

Outro bom motivo para acabar com o dinheiro de papel é promover a inclusão financeira no país, já que os pagamentos digitais abrem um novo mundo de possibilidades para a população.

O Pix, por exemplo, deve ajudar mais de 45 milhões de pessoas “desbancarizadas” a ter acesso a serviços financeiros no país, conforme afirma Breno Lobo, chefe de divisão no BC, em entrevista à InfoMoney de 2020.

Por isso, um dos objetivos do sistema do Banco Central é justamente acelerar o processo de bancarização e garantir que mais pessoas acessem soluções para sua vida financeira.

Entenda o que é bancarização e como ela muda sua vida financeira para melhor.

5. O dinheiro de papel é típico da informalidade

A taxa de informalidade do mercado de trabalho brasileiro chegou a 36,9% em junho de 2020, conforme dados do IBGE publicados na UOL.

Isso significa que mais de um terço dos trabalhadores do país não tem carteira assinada, MEI ou qualquer tipo de garantia, e o dinheiro de papel só contribui para agravar essa situação.

Quando as transações são feitas em papel moeda, muitas vezes não há emissão de nota fiscal ou registro da operação, fortalecendo a chamada “economia subterrânea”, que gerou um rombo de mais de R$ 1 trilhão no PIB em 2019.

Logo, a tendência é eliminar o dinheiro em espécie à medida que a economia se desenvolve, a sonegação fiscal é combatida e os empregos formais crescem.

6. O dinheiro em espécie facilita a corrupção

Um dos problemas mais graves do dinheiro em espécie é que ele facilita a corrupção no país. Basta lembrar dos escândalos com dinheiro na mala, na meia e até na cueca.

Nas palavras do gestor de portfólios João Marco Cunha, em entrevista à InfoMoney de 2020, “o papel-moeda é um facilitador de ilícitos e tem um custo social gigantesco”.

Já o dinheiro digital é mais fácil de ser fiscalizado e pode representar um avanço importante no combate à corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil.

7. O real digital está chegando

Em outubro de 2020, o Banco Central anunciou que o real digital deve estar em circulação em 2022.

A ideia é acompanhar a tendência mundial de lançamento de CBDCs (Central Bank Digital Currencies), que são moedas digitais nacionais emitidas por bancos centrais.

Elas funcionam da mesma forma que as moedas tradicionais, mas sem a necessidade de impressão do papel-moeda.

Para o BC, a criação da moeda digital deve fortalecer ainda mais os pagamentos digitais, facilitar transferências internacionais e expandir ainda mais a inclusão financeira por meio dos celulares.

8. O Open Finance fortalece ainda mais o digital

O Open Finance é outra tendência que contribui para o fim do dinheiro em espécie no país.

Basicamente, esse é um modelo de mercado baseado no compartilhamento padronizado de dados e serviços entre instituições financeiras, que permite a abertura e integração de plataformas e sistemas.

Dessa forma, os consumidores assumem o controle de seus dados e podem levá-los para qualquer instituição, ampliando o acesso a produtos financeiros e descentralizando as operações bancárias.

Os objetivos são aumentar a competitividade do sistema financeiro, empoderar o consumidor e melhorar a inclusão financeira no país.

Assim, para o presidente do BC, o Open Finance tem um papel importante na democratização, digitalização, desburocratização e desmonetização do sistema financeiro, conforme publicado na InfoMoney em 2019.

9. Já tem até projeto de lei pela extinção do dinheiro vivo

Em agosto de 2020, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) apresentou um projeto de lei para extinguir o papel-moeda do país. O PL 4068/2020 propõe que as notas de R$ 50 sejam proibidas até um ano após a aprovação da lei e que as demais células sejam extintas em até cinco anos.

O argumento é que a tecnologia já proporciona todas as condições para pagamentos e que o dinheiro em espécie apenas facilita a ação de “terroristas, sonegadores, lavadores de dinheiro, cartéis de drogas, assaltantes e corruptos”.

O projeto também prevê que a Casa da Moeda deve se dedicar ao desenvolvimento de novas tecnologias e garantir o acesso de toda a população aos meios de pagamento digitais.

Parece um tanto utópico no momento, mas indica que a ideia de extinção do dinheiro chegou ao debate público.

E então, está convencido de que o dinheiro de papel vai acabar? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe o texto nas redes sociais para ampliar esse debate.

O propósito da Neon é diminuir desigualdades, mostrando caminhos financeiros mais simples e justos, porque todos merecem um futuro brilhante. A educação financeira é um dos principais pilares para fazer isso acontecer, por isso estamos aqui para te acompanhar em sua jornada com as finanças.

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