Como a impressão de dinheiro afeta sua vida e a economia?

A impressão de dinheiro impacta os rumos da economia e pode chegar ao seu bolso. Entenda como funciona esse processo.
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Talvez você já tenha se perguntado: “Qual o problema de imprimir dinheiro?” Afinal, já pensou se a impressão de dinheiro fosse a solução para os problemas econômicos do Brasil?

Se fosse tão simples, bastaria fabricar bilhões em cédulas e moedas ao menor sinal de crise, acabar com as dívidas do país, com o descontrole de juros e preços, e pronto — mas é claro que não é assim que funciona.

Aqui vale uma curiosidade: no Brasil, a circulação de cédulas em 2021 caiu para R$ 339 bilhões, o primeiro recuo desde o início do Plano Real, em 1994. Além disso, hoje o país tem 7,6 bilhões de cédulas e 28,6 bilhões de moedas em circulação.

Voltando à impressão de dinheiro, a emissão de moeda é um processo complexo que envolve a maior autoridade monetária do país, o Conselho Monetário Nacional, e pode levar a consequências desastrosas se for utilizada no momento errado

A principal delas é a temida hiperinflação, que pode surgir como reflexo do excesso de dinheiro na economia e afetar diretamente seu bolso.

Por isso, é importante entender como funciona a impressão de dinheiro e de que forma esse processo pode impactar sua vida, além de decidir os rumos da economia.

Acompanhe a explicação e decifre mais esse conceito econômico.

O que é impressão de dinheiro na economia?

O que se costuma chamar “impressão de dinheiro” é, na verdade, um processo de emissão de moeda. Não se trata de simplesmente imprimir mais cédulas ou fabricar moedas, e sim de implementar uma ação de política monetária que expanda a oferta de dinheiro para a população.

Nesse contexto, a prática exige que o Banco Central compre títulos públicos federais, aumente o seu balanço e, assim, “financie” artificialmente essa expansão.

Essa não é uma medida comum em anos recentes no Brasil, embora esteja cada vez mais popular em economias mais desenvolvidas, como as dos Estados Unidos e União Europeia.

Outro caso de “impressão de dinheiro” é a fabricação de novas cédulas. Esse é um processo que ocorre regularmente para substituição de moedas danificadas e até para a compensação em caso de déficit de notas no país.

A diferença é que o dinheiro já está em circulação, enquanto a emissão de moeda consiste em injetar dinheiro novona economia — esse sim é um processo muito mais complexo.

Como funciona a impressão de dinheiro no Brasil?

Para você compreender melhor a impressão de dinheiro no Brasil, vamos usar esse termo em duas situações: a primeira se refere ao processo regular de fabricação de cédulas, e a segunda retrata o caso extraordinário de injeção de dinheiro na economia.

No Brasil, a emissão da moeda é autorizada pelo Banco Central e realizada pela Casa da Moeda. Para isso, o BC fica responsável por colocar o dinheiro em circulação, e a Casa da Moeda, pela fabricação de cédulas e moedas.

Todo ano, o Banco Central, após deliberação do Conselho Monetário Nacional, define a quantidade de notas e moedas que devem ser produzidas e fecha um contrato de fornecimento com a fábrica.

Depois de fabricado, cabe ao Banco Central distribuir e controlar o dinheiro, além de garantir que a quantia em circulação corresponda às riquezas produzidas no país e ao ritmo do crescimento econômico.

Se for preciso emitir mais moeda, ele pode fazer isso por meio do Tesouro Nacional, emitindo títulos de dívida.

Essa impressão extraordinária de dinheiro funciona assim: o Banco Central compra títulos do Tesouro, responsável por administrar as finanças do governo federal.

Com isso, são injetadosnovos recursos no governo, enquanto o BC fica com os títulos de dívida.

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Por que não adianta imprimir mais dinheiro?

Todo mundo já se perguntou por que o governo simplesmente não imprime mais dinheiro nos momentos de crise econômica.

Vamos deixar claro: não adianta nada imprimir mais dinheiro se a riqueza produzida no país não estiver crescendo para justificar as emissões.

Se o Banco Central emite moeda de uma hora para outra, o resultado por ser uma inflação descontrolada, porque as pessoas têm mais dinheiro em mãos, mas os bens e serviços disponíveis continuam os mesmos.

O resultado do “dinheiro sobrando” é a desvalorização do Real e aumento repentino dos preços, que pode levar a uma crise hiperinflacionária.

Aliás, foi exatamente o que aconteceu no Brasil na década de 1980, quando a inflação chegou a bater os 80% ao mês e impressionantes 1.735% ao ano em 1985, segundo dados publicados no Estadão em 2015.

Portanto, a única forma segura de aumentar a quantidade de dinheiro em circulação no país é aumentar a emissão de moeda gradualmente, conforme crescem investimentos e produtividade.

Afinal, o dinheiro de uma nação corresponde à riqueza real gerada por ela, e não à capacidade de imprimir papéis e cunhar moedas — se fosse assim, bastava ampliar a Casa da Moeda para virar potência global.

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Quando os países recorrem à impressão de dinheiro?

Na maioria das vezes, os países recorrem à “máquina de dinheiro” como última alternativa para pagar a conta de crises econômicas e financiar os gastos públicos.

Antes disso, existem várias outras ações que ajudam a colocar mais dinheiro em circulação, como disponibilizar mais recursos para os bancos (aumentar empréstimos) e baixar a taxa básica de juros, a Taxa Selic.

O Brasil, por exemplo, já imprimiu dinheiro em vários momentos da história, como na Era Vargas, durante a crise de 1929, para a construção de Brasília no governo de Juscelino Kubitschek e durante o governo Sarney.

Mais recentemente, Estados Unidos e União Europeia são dois protagonistas da impressão de dinheiro. Com a crise de 2008 e, agora, com a crise de 2020, os bancos centrais americano e europeu entraram em ação para prover liquidez ao mercado.

Na prática, expandiram bastante o seu balanço de pagamentos, absorveram um percentual alto de títulos federais e bancários, e assombraram especialistas com medidas que ficaram conhecidas como “Quantitative easing”.

Essas intervenções não provocaram, até agora, inflação alta nos preços da economia real, mas elevaram os preços de ativos na renda variável. Há quem diga que essa conta ainda vai ter que ser paga com a desvalorização da moeda, com hiperinflação ou com algum outro sintoma de distúrbios econômicos.

Na comparação com o Brasil, vale lembrar que esses países oferecem uma percepção de risco muito menor e, portanto, demoram para perder a confiança dos investidores.

O que os economistas pensam da impressão de dinheiro?

Entre os economistas, a impressão de dinheiro é bastante polêmica, pois é difícil saber até que ponto o país tem capacidade de expandir sua base monetária sem acionar o gatilho da inflação.

De acordo com o economista Josué Pellegrini, analista do Instituto Fiscal Independente (IFI), uma impressão de dinheiro no Brasil resultaria em inflação e geraria uma sucessão de problemas: empobrecimento da população, congelamento dos investimentos, fuga de capitais do país e alta do dólar.

Em entrevista ao Valor Investe em 2020, ele afirmou que “A ideia de imprimir dinheiro porque a inflação está baixa é um argumento perigoso”.

Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, resiste à ideia de imprimir dinheiro para aliviar a crise no Brasil. Logo, é improvável que o país chegue à emissão de moeda para promover sua recuperação econômica — não antes de testar todas as alternativaspossíveis.

Como a impressão de dinheiro pode afetar sua vida

Agora a pergunta-chave: como a impressão de dinheiro pode afetar sua vida? Veja alguns pontos para ficar atento.

Impacto no poder de compra

O efeito mais dramático da impressão de dinheiro, quando realizada sem o controle adequado, é a perda do poder de compra da população. Como já explicamos, o excesso de dinheiro na economia faria o real virar pó, disparando a inflação e acabando com o valor do seu salário.

Por outro lado, se a emissão de moeda for realizada de forma responsável e sem impacto inflacionário, a economia pode reaquecer e favorecer o bolso do consumidor.

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Elevação da taxa de juros

Outra possível consequência da impressão de dinheiro é o aumento da taxa de juros. Isso acontece porque, com a atuação mais incisiva do Banco Central na compra de títulos públicos, pode ocorrer uma crise de confiança dos investidores.

Ou seja, o risco de calote parece maior. Por isso, uma possível consequência da impressão de dinheiro é a elevação forçada da taxa de juros para aumentar a atratividade dos títulos públicos e demonstrar a seriedade do Banco Central diante das incertezas do mercado.

Dólar nas alturas

A impressão de dinheiro também pode disparar a cotação do dólar, principalmente por conta da fuga de capitais, do aumento da percepção de risco do país e da desvalorização da moeda nacional.

E os efeitos do dólar alto  você já conhece: produtos importados com preços altos, viagens internacionais mais caras e perda do poder de compra de modo geral.

Deu para entender qual o impacto da impressão de dinheiro na sua vida e na economia? Continue acompanhando o blog Neon para saber tudo a respeito de conceitos financeiros importantes para o seu bolso.

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