A obsolescência perceptiva é uma das armadilhas do mercado que podem fazer você gastar mais do que deveria e estourar o orçamento.
Apesar do nome complicado, o conceito é muito simples: uma estratégia de marketing que faz você perceber produtos como ultrapassados diante de uma nova versão lançada no mercado.
Afinal, quem não quer ter o último modelo do smartphone ou a calça mais hype da estação?
Neste artigo, você vai entender como funciona a obsolescência perceptiva e aprender a evitar seus efeitos, salvando seu bolso dos gastos excessivos.
Vamos lá?
O que é obsolescência perceptiva?
A obsolescência perceptiva (ou percebida) acontece quando um produto que funciona perfeitamente passa a ser considerado obsoleto devido ao surgimento de uma nova versão.
Ou seja, embora o item esteja dentro de sua vida útil, ele se torna ultrapassado e antiquado na visão do consumidor diante da novidade.
Esse fenômeno é muito comum no mercado atual, em que os produtos são renovados continuamente e upgrades são frequentes.
Com essa estratégia, as empresas mantêm os consumidores interessados e estimulados pela inovação.
Dessa forma, a obsolescência perceptiva é utilizada como uma tática de marketing que desvaloriza prematuramente a versão mais antiga de um produto ou serviço, tendo como objetivo incentivar a compra da nova versão.
Saiba como evitar o consumismo e não comprar por ansiedade.
Qual a diferença entre obsolescência perceptiva e programada?
A diferença é que a obsolescência perceptiva é uma estratégia psicológica, que muda a percepção do consumidor em relação ao produto, enquanto a obsolescência programada encurta a vida útil do produto para forçar sua substituição.
Logo, na primeira tática, o consumidor passa a enxergar o produto como obsoleto porque existe uma versão mais atual com novos recursos ou um novo estilo, mas o funcionamento segue normal.
Na segunda, o item é desenvolvido para parar de funcionar ou apresentar defeitos em curto prazo.
Por isso, a obsolescência programada tem um caráter ilícito do ponto de vista dos direitos do consumidor, embora não seja tratada de forma direta na lei.
Já a obsolescência perceptiva é uma maneira que as empresas encontraram de incentivar a compra de novas versões de produtos e serviços.
Como funciona a obsolescência perceptiva?
A obsolescência perceptiva funciona a partir do gatilho mental da novidade.
Esse mecanismo é disparado em nosso cérebro quando nos deparamos com um item novo no mercado, despertando a curiosidade e o prazer em consumir algo inédito.
Automaticamente, quando surge uma nova versão, passamos a enxergar o produto que temos como antiquado, mesmo que ele esteja em perfeitas condições de uso.
Dessa forma, as empresas exploram esse gatilho da mente humana lançando novas versões com mais recursos, novo design e apelo mais moderno.
Assim, quem tem o produto antigo sente a urgência de se atualizar e aproveitar todas as vantagens promovidas.
Um dos primeiros setores da economia a utilizar a obsolescência perceptiva foi a indústria automobilística.
Na década de 1930, grandes montadoras começaram a incorporar o conceito de styling (estilização) aos seus veículos para atrair consumidores com apelo estético.
Inclusive, a popularização da obsolescência percebida é creditada a um designer de automóveis estadunidense chamado Brooks Stevens.
A partir de 1960, o design se tornou uma estratégia consolidada no marketing, uma vez que ficou claro seu poder de renovar a imagem de produtos e tornar suas antigas versões obsoletas.
Hoje, a obsolescência perceptiva está cada vez mais sofisticada, graças ao avanço da psicologia do consumidor e seu uso pelas empresas.
Leia também: Inteligência emocional nas finanças: 7 dicas para aplicar
Exemplos de obsolescência perceptiva
Um dos exemplos mais icônicos da obsolescência perceptiva é o mercado de smartphones, onde cada nova versão dos aparelhos gera um furor nos consumidores.
A Apple, especialmente, sabe explorar essa estratégia como ninguém.
É assim que ela cria grande expectativa para os lançamentos de novas versões do iPhone.
Mesmo quando não há muitas novidades em funcionalidades dos novos aparelhos, a empresa traz inovações em design, desempenho e usabilidade que conquistam os consumidores.
Além disso, todo o branding da marca é voltado para o apelo de exclusividade, que torna essencial ter a última versão lançada.
Outro mercado que utiliza a obsolescência perceptiva com frequência é o dos games.
Um exemplo é a série “Batman: Arkham” que já teve quatro jogos lançados para consoles e, em uma estratégia ousada, anunciou um novo jogo exclusivo para o Meta Quest 3, o óculos VR da Meta.
Com essas táticas, a indústria de games estimula os consumidores não somente a comprarem novos jogos, mas também a atualizarem suas tecnologias e dispositivos, sob o risco de “ficarem para trás” caso não se adaptem às novidades.
Saindo um pouco da tecnologia, podemos observar a obsolescência perceptiva também no setor de moda.
A cada estação, as marcas lançam novas coleções e liquidam as peças anteriores.
Embora existam peças atemporais, as tendências estão sempre se renovando, fazendo com que o consumidor ache seu visual “fora de moda” e renove o guarda-roupas com frequência.
Como evitar o consumismo como consequência da obsolescência perceptiva?
O grande problema da obsolescência perceptiva é que ela estimula um consumismo desenfreado, uma vez que os produtos estão sempre sendo renovados e têm um ciclo de vida cada vez mais curto.
Por isso, você precisa treinar sua mente para escapar desses gatilhos e, dessa forma, evitar compras em excesso e até mesmo uma situação de endividamento.
Veja algumas dicas para evitar o consumismo motivado por obsolescência percebida:
- Antes de comprar uma nova versão de um produto ou serviço, pesquise a fundo e analise se você realmente precisa das novas funcionalidades nesse momento. Resista à tentação de comprar somente por questões estéticas
- Tenha um prazo mínimo para atualizar determinados bens duráveis, como carro, celular e eletrodomésticos em geral. Por exemplo, você pode determinar que só vai trocar de smartphone de três em três anos ou quando de fato for necessário
- Separe o “ser” do “ter”, evitando depender de novidades do mercado para se sentir pertencente e construir sua identidade
- Se você quiser muito comprar uma nova versão de um produto, veja quanto o modelo atual está valendo no mercado de usados e se programe para vendê-lo. Assim, pelo menos, você recupera parte do valor gasto
- Procure praticar um consumo consciente e, além de pensar nas suas finanças, pense também no impacto ambiental da obsolescência perceptiva.
Gostou das dicas para fugir da obsolescência perceptiva?
Aproveite e abra sua conta digital Neon para controlar melhor seus gastos, cuidar bem do seu dinheiro e investir para o futuro.
