A mesada educativa é um importante instrumento de educação financeira para as crianças ao seu redor, sejam filhos, enteados, netos, sobrinhos ou afilhados.
Não se trata de “dar dinheiro de graça”, mas permitir que a criança ou adolescente tenha contato com dinheiro e possa tomar boas decisões sobre o uso dele, administrando seus recursos de forma responsável.
Assim, os pequenos já começam a vida financeira aprendendo a poupar, controlar gastos, planejar compras, avaliar preços e outras habilidades essenciais para a fase adulta.
Quer ver como a mesada educativa pode formar adultos mais responsáveis e equilibrados nas suas finanças?
É só seguir a leitura e acompanhar nossas dicas.
O que é a mesada educativa?
A mesada educativa é uma quantia que você pode oferecer às crianças e adolescentes periodicamente com o objetivo de ensinar sobre finanças.
O objetivo é ajudar os mais novos a construírem um relacionamento saudável com o dinheiro desde cedo, tendo seus próprios recursos para gerenciar.
Isso porque a infância é o melhor momento para introduzir conceitos de educação financeira e ensinar a poupar, controlar gastos, planejar compras, pedir descontos, entre outras lições essenciais para uma vida financeira equilibrada.
E os dados não mentem: segundo o estudo sobre educação financeira divulgado pelo Banco Central, as crianças que são desde cedo orientadas a gerenciar seu próprio dinheiro têm mais chances de se tornarem adultos responsáveis financeiramente.
Já aquelas que não são envolvidas pelos adultos no assunto tendem a ter mais problemas com suas decisões de compra e organização do orçamento pessoal na vida adulta.
Por isso, vale a pena falar sobre dinheiro com naturalidade e garantir um futuro financeiro estável para suas crianças.
Conheça as principais estratégias de educação financeira infantil!
Regras da mesada educativa
Para a mesada funcionar como instrumento de educação financeira, é importante seguir as melhores práticas nesse sentido.
Confira algumas regrinhas básicas:
- O valor da mesada deve ser compatível com o orçamento da família e com a realidade dos colegas com os quais a criança convive;
- A periodicidade e o valor devem ser adaptados à idade, começando com valores menores e entregas pontuais para crianças mais novas e aumentando a quantia e fixando uma frequência conforme o pequeno crescer;
- O dinheiro não deve ser destinado a necessidades básicas da criança, como alimentação, roupas e transporte, que continuam sendo responsabilidade dos pais;
- O objetivo da mesada deve ser custear desejos eventuais, como brinquedos, guloseimas, jogos, entre outras vontades que a criança pode começar a gerenciar;
- Os pais devem orientar sobre o custo monetário dos produtos e serviços para a criança começar a entender a relação entre valor e preço, e saber priorizar itens pelo seu custo-benefício;
- Os pais também precisam incentivar a criança a guardar dinheiro quando o valor do produto desejado for maior que o da mesada, além de ensiná-la a lidar com a frustração quando a quantia acabar antes do que ela esperava;
- Se possível, a criança deve cumprir tarefas para garantir o recebimento da mesada educativa — inclusive, existem quadros de mesada à venda na internet que contabilizam cada tarefa (ou descontam as não realizadas) para chegar ao valor da mesada do mês.
Quando dar mesada de dinheiro?
A mesada educativa pode começar a ser oferecida assim que a criança entender o conceito de dinheiro, ou seja, quando for capaz de compreender que as coisas são trocadas por notas e moedas.
O ideal é começar com entregas esporádicas na primeira infância e, quando o pequeno estiver mais familiarizado com as finanças, fixar uma data mensal, quinzenal ou semanal para a entrega do dinheiro.
A frequência é importante para a criança se acostumar com a ideia de ter uma data de pagamento, como acontece na vida adulta.
Prós e contras da mesada educativa
A mesada educativa tem muitas vantagens e vale a pena adotar essa prática. Porém, também existem pontos de atenção a observar.
Confira a seguir.
Prós da mesada educativa
- Ensina sobre o valor do dinheiro e sobre a avaliação do custo-benefício de produtos e serviços
- Mostra a importância de economizar e evitar dívidas desde cedo
- Eleva a autoestima e confiança da criança ou adolescente ao envolvê-lo nos assuntos financeiros da família
- Ajuda a criança ou adolescente a criar um senso de responsabilidade com o dinheiro
- Reforça o aprendizado de matemática com os cálculos financeiros
- Prepara a criança para lidar com conceitos como economia, salário, crédito, investimentos e gestão financeira na vida adulta
- Ajuda a criança a ter uma visão do futuro em relação ao dinheiro, prevenindo o imediatismo e as compras por impulso
- Mostra à criança ou adolescente qual a realidade financeira e padrão de vida da família.
Contras da mesada educativa
- Pode dar à criança ou adolescente a sensação de que o dinheiro vem fácil, quando ele é oferecido sem qualquer contrapartida pelos pais
- Pode condicionar a criança ou adolescente a fazer tudo pelo dinheiro, se o controle das tarefas for muito rígido
- Pode dar a impressão de que o reconhecimento só vem em forma de dinheiro na rotina familiar
- Pode prejudicar a relação da criança ou adolescente com os colegas, se o valor for muito maior ou menor do que o que os amigos recebem.
Nesta lista que separamos, há mais vantagens do que desvantagens, e você pode minimizar os contras com as ações certas na hora de dar a mesada educativa.
Quanto dar de mesada para os filhos?
Determinar quanto dar de mesada pode ser uma decisão difícil.
Porém, tenha em mente que o valor da mesada para os filhos deve ser estabelecido com base em critérios claros.
Veja um caminho seguro para essa definição:
- Orçamento da família: é fundamental que a mesada seja compatível com a renda da família, de forma que o valor não tenha impacto nos gastos mensais;
- Idade: as crianças menores devem receber pouco dinheiro, de preferência em moedas. A quantia deve aumentar conforme ela crescer e tiver interesse em produtos mais caros, respeitando sempre os limites da família;
- Periodicidade: o parâmetro para o valor da mesada deve ser mensal, mas a quantia pode ser distribuída em recebimentos semanais ou quinzenais, por exemplo;
- Convívio social: o valor da mesada educativa deve ser próximo ao dos colegas que convivem com a criança para evitar comparações e conflitos;
- Experiência com dinheiro: conforme a criança for se familiarizando com a gestão da mesada, é possível conceder pequenos aumentos para ampliar seus objetivos.
Como calcular o valor da mesada?
Para calcular o valor da mesada, você pode se basear na renda da família e nas necessidades da criança ou adolescente.
Para um lar de classe média com renda de R$ 7 mil, por exemplo, R$ 70 mensais representam uma boa quantia para uma criança entre 10 a 12 anos.
Com esse valor, a criança pode economizar para comprar um brinquedo mais caro e usar o resto com guloseimas em passeios ou créditos no jogo online, por exemplo.
O importante é o montante ser compatível com os hábitos de consumo da família e, obviamente, não ser muito alto para não comprometer a noção de valor.
Qual a melhor idade para dar mesada?
Como vimos até aqui, a mesada educativa pode começar a ser oferecida assim que a criança entender o sentido do dinheiro, o que geralmente ocorre entre 3 e 4 anos.
Nessa faixa etária, o ideal é dar apenas moedas de forma esporádica para a criança conseguir calcular melhor seu dinheiro, guardá-lo no cofrinho e entender o valor de troca.
Dos 4 aos 7 anos, é possível introduzir as cédulas e partir para uma periodicidade semanal.
Como a noção de tempo da criança ainda é curta, não vale a pena tornar a mesada mensal ou quinzenal.
A partir dos 7 anos, a criança já consegue fazer cálculos básicos e ganha mais responsabilidade, podendo receber a mesada educativa mensal.
Dos 12 aos 18 anos, o adolescente já tem condições de administrar seu dinheiro para realizar desejos, como comprar uma roupa de marca ou um smartphone.
Tabela de mesada por idade
Agora, você já sabe que o valor da mesada depende de inúmeros fatores, principalmente da idade da criança ou adolescente e suas necessidades específicas.
No entanto, sabemos que esse cálculo pode ser difícil mesmo assim. É por isso que, nessas horas, ter uma tabela de referência de valores ajuda muito.
Claro que você precisará adequar as quantias a sua realidade, porém as informações já servem de base para as primeiras tentativas de mesada.
Confira uma sugestão na tabela abaixo:
Idade | Valor da mesada educativa |
4 anos | R$ 4 por semana |
5 anos | R$ 5 por semana |
6 anos | R$ 6 por semana |
7 anos | R$ 7 por semana |
7 aos 9 anos | R$ 100 por mês |
10 aos 12 anos | R$ 200 por mês |
13 aos 15 anos | R$ 250 por mês |
16 aos 18 anos | R$ 300 por mês |
Lembre-se de que existem diversas formas de entregar o dinheiro da mesada.
No entanto, com a diminuição do uso de cédulas e moedas, vale a pena considerar a possibilidade de fazer depósito em um cartão específico para crianças e adolescentes.
Como funciona o cartão mesada?
Atualmente, existem diferentes modalidades de cartões destinados ao público infanto-juvenil.
Por exemplo, os pais podem depositar os valores mensais em cartões pré-pagos, com os quais a criança pode realizar suas pequenas compras.
Além disso, também há a possibilidade de criar um cartão de crédito adicional vinculado à conta digital dos pais. Os responsáveis podem estabelecer um limite específico, para que a criança não ultrapasse os gastos permitidos.
Vale ressaltar que, mais importante do que a forma de pagamento, é o diálogo franco e honesto entre pais e filhos.
Afinal, o foco é ensinar de maneira didática como lidar bem com o dinheiro.
Como falar sobre dinheiro com as crianças?
A conversa sobre finanças deve ser conduzida com naturalidade desde cedo dentro de casa.
Essa é uma das bases da educação financeira infantil, que faz toda a diferença para formar adultos responsáveis e equilibrados em sua vida financeira.
Uma maneira de abordar o assunto é aproveitar um momento de atividades financeiras do cotidiano.
Veja a seguir algumas dicas sobre como ensinar educação financeira no dia a dia:
- Permita que os jovens participem de decisões sobre o orçamento doméstico;
- Chame a criança para ajudar na lista de compras do supermercado;
- Explique os problemas causados quando fazemos compras por impulso;
- Uma vez por semana, faça a noite dos jogos educativos, como banco imobiliário e jogo da vida;
- Faça leituras em família de livros infantis que falam sobre educação financeira;
- Incentive os jovens a economizar dinheiro e dê os parabéns pelos seus esforços;
- Deixe que a criança vá ao caixa com a família para pagar a compra;
- Se os pequenos pedirem um brinquedo, ensine-os a pesquisar os preços nas lojas online.
Também é fundamental explicar que o dinheiro é um recurso finito e que nem todos os desejos podem ser realizados, assim eles já vão começar a entender a importância de economizar.
E claro: a criança deve se sentir motivada a cuidar bem do dinheiro e vê-lo como um meio para alcançar objetivos na vida, adotando uma mentalidade empreendedora.
Deu para entender o que é a mesada educativa e como ela pode ajudar as crianças e adolescentes a valorizarem o dinheiro?
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