Cada vez vemos mais pessoas querendo saber como evitar o consumismo, principalmente para parar de gastar dinheiro por pura ansiedade.
Assim, os hábitos de consumo da sociedade também estão sendo repensados, e o bolso pode se beneficiar disso. Afinal, por que compramos por impulso mesmo quando isso ameaça nosso orçamento e frustra nossos planos?
As respostas não são simples, mas você pode fazer a sua parte para evitar o consumismo e reduzir os gastos desnecessários na sua vida.
Continue lendo e confira nossas dicas que ajudarão a controlar melhor suas compras!
Como evitar o consumismo pelo bem do seu bolso?
Aprender como evitar o consumismo é uma lição fundamental para cuidar melhor do seu dinheiro e ter uma vida financeira saudável.
Se você não tomar cuidado com as compras por impulso, pode se endividar facilmente e comprometer seus projetos de vida em poucas horas no shopping — ou em poucos cliques no e-commerce.
Hoje, a ansiedade e depressão são grandes vilões para o bolso, pois funcionam como gatilhos para o comportamento compulsivo e a busca de alívio por meio das compras.
Como resultado, milhões de pessoas sofrem com dívidas, limites estourados e falta de perspectiva financeira.
Em 2022, o endividamento dos brasileiros bateu um novo recorde: 77,9% da população tinha dívidas no cartão de crédito, cheque especial, carnê e outros tipos de crédito, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio.
O relatório também demonstra que cerca de 10,6% dos brasileiros devem mais aos bancos do que conseguem pagar, em um reflexo da crise econômica decorrente do período pandêmico.
Destinar grande parte de sua renda a gastos desnecessários pode comprometer seriamente o orçamento pessoal. Portanto, é indispensável repensar os hábitos de consumo.
Leia também: Conheça 6 hábitos ruins para as finanças e veja como evitá-los
7 dicas para evitar o consumismo e as compras por ansiedade
Estabelecer uma relação saudável com os gastos e despesas é essencial para tornar a vida mais leve.
Veja algumas dicas para manter o controle sobre o seu dinheiro.
1. Entenda o motivo por trás de cada compra
O primeiro passo para evitar o consumismo é avaliar se você está tomando decisões racionais na hora de fazer compras ou se está se deixando levar por sentimentos e emoções.
Isso é chamado “inteligência emocional nas finanças”, ou seja, a capacidade de domar seus impulsos e comprar somente o que você precisa de fato.
Quando estiver quase comprando algo, pense se você está fazendo isso porque realmente vai usar o produto (ou aproveitar o serviço) ou se apenas está tentando aliviar sua ansiedade, estresse ou frustração.
2. Controle seu orçamento
A falta de planejamento do orçamento prepara o terreno para o consumismo, pois impede que você tenha controle sobre os ganhos e gastos mensais.
Por isso, é fundamental registrar suas receitas e despesas e acompanhar de perto a movimentação da sua conta corrente.
Organização financeira pessoal: o que é? Como fazer a sua?
3. Foque nas suas metas financeiras
O pior problema do consumismo é que ele te afasta dos seus planos de vida e objetivos financeiros.
Para realizar qualquer sonho que envolva dinheiro, você precisa manter o orçamento equilibrado, evitar dívidas e poupar todo mês — e claro que é impossível fazer isso gastando demais.
Logo, você pode encontrar a motivação para combater seus impulsos consumistas fazendo um planejamento de metas de curto, médio e longo prazo, como trocar de carro, fazer um curso ou comprar um imóvel.
Como quitar dívidas + 4 dicas para evitar endividamento.
4. Adie as compras
Uma estratégia adotada por muitas pessoas é realizar o adiamento das compras. Por exemplo, se você tem certeza de que precisa de um smartphone novo e até já colocou o item no carrinho virtual, faça o seguinte: espere até amanhã para concluir a aquisição.
Na maioria das vezes, 24 horas são suficientes para repensar essa necessidade e tomar uma decisão mais racional.
5. Aposte no consumo colaborativo
Aderir à economia colaborativa é uma ótima saída para praticar um consumo mais consciente e reduzir gastos.
Nesse sistema, as pessoas compartilham, trocam, emprestam e alugam em vez de comprar, focando no acesso aos bens e serviços, deixando de lado a posse.
Por exemplo, você pode utilizar apps de compartilhamento como Uber e Airbnb, alugar produtos em vez de comprar, vender e trocar itens que você não usa mais, compartilhar espaços ociosos, e diversas outras possibilidades econômicas e sustentáveis.
6. Planeje suas compras
O planejamento é um aliado importante contra o consumismo e as compras por ansiedade. Antes de sair de casa ou acessar o e-commerce, planeje exatamente o que você vai comprar e defina um limite de gastos com essa compra.
Sabe aquele velho hábito de levar uma lista ao supermercado e ir calculando os preços conforme coloca os produtos no carrinho?
Se você quer controlar melhor seus gastos, é bom adotar oficialmente essa técnica.
Leia também: Compras online e delivery: 5 dicas para economizar
7. Separe o “ser” do “ter”
Aprender como evitar o consumismo também passa pelo autoconhecimento nas finanças e por uma reflexão sobre seus valores.
Com tantos estímulos ao seu redor para consumir, muitas pessoas acabam confundindo o “ser” com o “ter” e se sentem representadas por aquilo que compram.
Para fugir dessa armadilha consumista, lembre-se sempre de que sua identidade está ligada aos seus valores, relacionamentos e propósitos — e não ao modelo do seu carro ou marca da sua roupa.
Procure aproveitar mais as experiências da vida do que os itens comprados.
Para isso, você pode ocupar seu tempo livre com atividades que não envolvam muitos gastos, mas que irão proporcionar boas lembranças no futuro.
O que fazer no tempo livre para se divertir sem gastar muito dinheiro.
De onde vem o impulso do consumismo?
Se você quer saber como evitar o consumismo, precisa entender de onde vem esse impulso incontrolável de comprar e quais são suas consequências na vida financeira.
Em seu livro “Mentes consumistas: do consumismo à compulsão por compras”, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa explica como o consumismo afeta as pessoas e como funciona o círculo vicioso das compras.
Para ela, consumir é a maneira mais rápida e eficaz de “ter”, e, em uma sociedade com abundância de produtos e serviços, os verbos “ser” e “ter” viraram sinônimos absolutos, como mencionamos no tópico anterior.
“Consumir tem um efeito colateral inevitável: se, em um primeiro momento, a compra gera um estado de alegria e euforia momentânea, liberando parte de nossa ansiedade, com o tempo nós ‘viciamos’ nessa sensação abstrata de prazer e passamos a comprar mais e mais”, afirma a especialista.
Basicamente, o consumista tem essa sensação ilusória de que as compras podem levar a um estado permanente de satisfação — quando, na verdade, elas estão acabando com a sua vida financeira.
Esse processo ocorre em um ciclo:
- Gatilho: a pessoa é estimulada a comprar por uma promoção, anúncio, oferta, data comemorativa ou qualquer outro gatilho, geralmente em um momento de vulnerabilidade, tédio ou estresse;
- Descontrole: em busca de alívio rápido, ela cede à tentação e compra compulsivamente;
- Ressaca: pouco tempo após a compra, a pessoa percebe que gastou mais do que deveria e sofre com a sensação de culpa, vergonha e arrependimento;
- Recaída: a frustração leva a um novo episódio de compra compulsiva, alimentando um ciclo de consumo sem fim.
Comprar compulsivamente pela internet: 5 dicas para evitar.
Oneomania: a doença do consumismo
O consumismo desenfreado já tem seu diagnóstico registrado pela Organização Mundial da Saúde: oneomania, a doença do consumo compulsivo.
A OMS estima que 8% da população mundial sofre com esse transtorno.
Mas é claro que nem toda pessoa que compra muito é necessariamente um comprador compulsivo.
Geralmente, quem sofre de oneomania não compra mais por prazer, mas simplesmente por necessidade psicológica — ou seja, para preencher o vazio deixado pela ansiedade e depressão.
Estes são alguns sintomas de que as compras em excesso podem ter virado doença:
- Pensar em compras o tempo todo e sentir muita angústia a respeito;
- Estourar o orçamento frequentemente e gastar mais do que ganha, principalmente com itens desnecessários;
- Gastar demais a ponto de prejudicar relacionamentos e carreira;
- Esconder compras de pessoas próximas e mentir sobre os valores gastos;
- Viver endividado sem a menor perspectiva de sair do vermelho;
- Repetir continuamente o ciclo “gatilho-descontrole-ressaca-recaída”.
Nesse caso, é preciso buscar tratamento especializado com profissionais da psicologia e psiquiatria.
Como evitar o consumismo infantil?
Quanto mais cedo se aprende a lidar com o dinheiro, maiores são as chances de se estabelecer hábitos saudáveis de compra.
Assim, a educação financeira tem sido progressivamente incluída no aprendizado infantil, sedimentando conceitos fundamentais de economia através de inúmeras abordagens.
Confira agora algumas dicas para ensinar seus filhos a evitarem o consumismo:
- Estabeleça para seus filhos atividades e funções domésticas pelas quais receberão sua mesada. Esse é o primeiro passo para criar o sentimento de valorização do dinheiro;
- Estimule os pequenos a pouparem dinheiro, disponibilizando cofrinhos físicos ou digitais para que as crianças acompanhem o progresso da reserva;
- Promova jogos e brincadeiras que estimulem a gestão dos recursos financeiros;
- Disponibilize caderninhos para que as próprias crianças anotem seus gastos, de forma a incentivar o sentimento de autoconfiança e responsabilidade;
- Veja com as crianças vídeos no YouTube sobre e como economizar dinheiro — existem diversos conteúdos divertidos e didáticos;
- Permita que as crianças participem do processo de decisão de compra de seus materiais escolares, incentivando a comparação de preços;
- Atente às características de regulação emocional dos pequenos, investindo em acompanhamento psicológico para lidarem melhor com sentimentos de tristeza e ansiedade.
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Como evitar o consumismo na adolescência?
Considerando a maior exposição ao consumo, é essencial que os adolescentes e jovens aprendam a discernir quando realmente vale a pena realizar uma compra.
Para isso, existem diversas maneiras de se abordar tópicos de educação financeira que estimulem uma interação melhor com o dinheiro.
Vamos ver algumas estratégias para estimular o consumo consciente na adolescência:
- Estabeleça o hábito do diálogo: conversar abertamente sobre as dificuldades e desafios financeiros é a melhor forma de garantir que o jovem se mantenha aberto ao aprendizado;
- Assim como pode ser feito para as crianças, estabeleça metas e objetivos pelos quais o adolescente receberá sua mesada;
- Se possível, permita o acesso a cartões de crédito adicionais para que o jovem aprenda como controlar os gastos na fatura;
- Inclua seus filhos na elaboração dos orçamentos familiares, para que se acostumem à rotina de planejamento financeiro;
- Incentive o hábito de poupar dinheiro, permitindo a realização de pequenos investimentos de baixo risco, como aplicações em renda fixa;
- Ensine seus filhos a avaliar a prioridade de seus gastos pessoais, estimulando também a comparação de preços antes de finalizar uma aquisição;
- Esteja sempre atento às necessidades de acolhimento e amparo emocional, orientando o jovem a não utilizar as compras como válvula de escape para suas frustrações.
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Seja para crianças, seja para adolescentes: estabelecer uma rotina de educação financeira nem sempre será fácil. No entanto, com paciência e muito amor, é possível incentivar o relacionamento adequado com os gastos financeiros.
Lembre-se de que a melhor estratégia é servir de exemplo: não exija dos jovens aquilo que você mesmo não coloca em prática.
Assim, organize e planeje suas finanças, investindo em estudo e ferramentas necessárias. Para manter-se sempre atualizado dos principais assuntos de educação financeira, acompanhe sempre o blog Neon.
Anote as dicas e coloque em prática as estratégias para levar a vida sem se desgastar com dívidas evitáveis!