Você sabe o que é IPCA e como ele afeta seu bolso, suas compras e até seu acesso ao crédito?
Em 2023, o índice IPCA fechou com alta acumulada em 4,62% e, pela primeira vez em dois anos, se manteve dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que previa entre 1,75% e 4,75% de inflação.
Já em 2024, o IPCA de janeiro foi de 0,42% e o de fevereiro foi de 0,83%, somando alta de 1,25% nos dois primeiros meses do ano.
Com isso, o acumulado dos últimos 12 meses (de fevereiro de 2023 a fevereiro de 2024), foi de 4,50%, segundo IBGE.
Isso quer dizer que o índice oficial da inflação está acelerado, puxado especialmente pela alta nos preços dos setores de Educação, Alimentos e Bebidas, Transportes, Habitação, Vestuário e Comunicação.
Nos próximos tópicos, explicaremos por que é importante acompanhar o IPCA e entender como ele impacta sua vida financeira, além das perspectivas para a economia do país.
O que é IPCA?
Dá para entender o que é IPCA (chamado também de Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em poucas palavras: ele é o principal indicador que mede a taxa de inflação (ou deflação) dos produtos e serviços consumidos no país.
Ou seja: é o índice oficial da variação de preços de produtos e serviços, que abrange os itens consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos (cerca de 90% dos consumidores em áreas urbanas aqui no Brasil).
Seu cálculo é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde 1980, com base na variação de cerca de 430 mil preços, em 30 mil locais, de produtos e serviços que fazem parte do dia a dia dos brasileiros.
São 9 categorias pesquisadas: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.
Basicamente, o instituto coleta os preços dos itens consumidos mês a mês, considerando o peso de cada categoria no orçamento familiar.
Assim, é possível calcular se os preços aumentaram (taxa média da inflação) ou diminuíram (deflação).
Para que serve o IPCA?
Após saber o que é IPCA, fica fácil entender sua importância na economia brasileira.
A partir desse índice, descobrimos se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro, considerando produtos e serviços básicos como feijão, passagem de ônibus, material escolar e assistência médica, por exemplo.
Por isso, ele é considerado o índice oficial da inflação pelo Banco Central e usado como base para definir a política monetária do país e manter a alta dos preços sob controle.
A partir de seu resultado (entre outras variáveis), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) verifica se o governo federal atingiu ou não as metas de inflação e define se é preciso manter, baixar ou elevar a taxa de juros básica da economia — a taxa Selic.
Além disso, o IPCA mostra como anda o custo de vida no Brasil e os movimentos da economia, permitindo um diagnóstico do poder de compra da população, ou seja, quantos produtos e serviços o seu salário consegue pagar.
Para os investidores, é um termômetro essencial, pois várias aplicações usam o IPCA como indexador, especialmente aquelas que buscam proteger da perda do poder de compra causada pela inflação, e afeta diretamente a remuneração da renda fixa.
E quando um investimento de renda fixa é indexado ao IPCA, isso significa que sua remuneração está diretamente ligada às variações deste índice de inflação, como acontece com o Tesouro IPCA, ou títulos do Tesouro Direto.
Nesse caso, a rentabilidade do seu investimento será composta pelos juros pré-fixados no momento da compra mais a inflação do período, pela variação do IPCA.
Por exemplo, se você comprar um título a uma taxa de 5% e a inflação medida pelo IPCA foi de 3% em determinado período, você receberá 8% de retorno.
Além de ser usado como indexador em investimentos de renda fixa, o IPCA também corrige parcelas de financiamentos e empréstimos, especialmente aqueles que buscam proteger o credor da desvalorização causada pela inflação.
Em financiamentos imobiliários indexados ao IPCA, as parcelas são corrigidas periodicamente de acordo com as variações do índice, de forma que, além do pagamento da mensalidade, haverá o acréscimo do valor da variação da inflação.
Nessa modalidade, as taxas de juros tendem a ser menores, mas em períodos de alta inflação, as parcelas do financiamento podem aumentar significativamente, impactando no orçamento do devedor.
Para que serve o IPCA?
Suponha que você tem um saldo devedor de R$ 100 mil em um financiamento com taxa de juros de 3% ao ano + IPCA a ser pago em 10 anos.
Suas parcelas seriam de R$ 1.083 por mês, porém esse valor deve ser corrigido mensalmente pelo IPCA.
Por exemplo, se o índice estiver em 4%, você deve multiplicar a parcela por 0,04, acrescentando R$ 43,32 ao valor a ser pago em determinado mês.
Dessa forma, o total da parcela a ser paga será de R$ 1.126.
Como é calculado o IPCA?
O cálculo do IPCA é realizado pelo Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC) do IBGE, por meio de uma pesquisa mensal em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, além de concessionárias de serviços públicos e internet.
Os dados são coletados nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
São considerados os valores cobrados por cerca de 430 mil preços, ofertados por 30 mil estabelecimentos localizados nessas regiões metropolitanas.
Cada área recebe um peso diferente para o cálculo do IPCA, de acordo com sua relevância econômica e a população que vive ali.
São Paulo, por exemplo, tem peso de 31,7%, enquanto Salvador fica em 7,4%.
Outro fator relevante é a divisão dos itens avaliados pelo índice em nove grupos diferentes, que podem mudar para acompanhar novos hábitos de consumo das famílias brasileiras.
Esses grupos também têm pesos distintos, atribuídos com base em sua importância para a qualidade de vida da população.
Todos esses detalhes entram no cálculo do IBGE, que divulga o IPCA mensal comparando os dados do mês atual com o anterior, e apresenta o índice acumulado no ano e nos últimos 12 meses.
O que é IPCA anual?
Como vimos, o IPCA é calculado mês a mês, mas podemos também falar em IPCA anual.
O IPCA anual é uma medida da variação média dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pela população ao longo de um ano, amplamente utilizado como indicador oficial da inflação no Brasil, e é calculado mensalmente pelo IBGE.
Para calcular o IPCA anual, é necessário obter a variação percentual deste índice em relação a cada um dos 12 meses do ano e, em seguida, fazer a média dessas variações.
Em 2023, o IPCA acumulado dos 12 meses do ano foi de 4,62%, abaixo dos 5,79% registrados em 2022.
Quanto está o IPCA hoje?
Em fevereiro de 2024, o IPCA registrou aumento de 0,41% em relação ao índice de janeiro, que foi de 0,42%, fechando em 0,83%.
Em fevereiro de 2023, a variação havia sido de 0,84%.
Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2024, o IPCA acumulado é de 1,25%, já o acumulado dos últimos 12 meses é de 4,5%.
Vale lembrar que esse percentual corresponde apenas ao mês de fevereiro, cujos dados foram divulgados em março — então, os valores podem ser diferentes se você estiver lendo este artigo a partir de abril de 2024.
Isso porque o IBGE acompanha os preços e calcula uma prévia da inflação anual mensalmente, alterando o IPCA.
Quando é divulgado o IPCA?
O IPCA é divulgado mensalmente até a segunda semana do mês seguinte, com os dados referentes ao período anterior.
Normalmente, essa divulgação é feita por meio de uma nota de imprensa em seu site oficial, onde são apresentados os resultados do índice para o mês em questão, juntamente com análises sobre os principais itens que influenciaram a inflação no período.
Para consultar o índice atual, você pode acessar o site do instituto, onde também é possível verificar a variação mensal por cidade e categoria de produtos e serviços, além de conferir o histórico do IPCA completo.
Qual a diferença entre INPC e IPCA?
Além de saber o que é IPCA, também é importante conhecer outros indicadores de inflação usados no Brasil.
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), por exemplo, também é calculado pelo IBGE, mas engloba apenas as famílias que ganham de 1 a 5 salários mínimos, que são mais vulneráveis à alta dos preços por conta da baixa renda.
Ambos seguem a mesma lógica de cálculo, utilizando pesquisas mensais, categorias e pesos diferentes de acordo com a importância dos itens pesquisados.
O INPC em fevereiro de 2024 foi de 3,86%, sendo que em janeiro esse índice havia fechado em 3,82% e em dezembro de 2023 tenha sido de 3,71%.
Portanto, tem ocorrido uma alta do INPC nos últimos meses — porém, se comparado a fevereiro de 2023, houve uma queda, já que no mesmo período do ano passado, o índice foi de 5,47%.
Além disso, o IBGE também divulga o IPCA-15, que considera os preços pesquisados do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência, e o IPP, voltado para a variação de preços da indústria.
Há ainda outros índices de inflação como o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pelo Índice Geral de Preços do Mercado e conhecido como “inflação dos aluguéis”, e o IPC-Fipe, que mede a variação de preços na cidade de São Paulo.
4 impactos do IPCA na sua vida financeira
Agora que ficou claro o que é IPCA, já podemos nos concentrar nos impactos desse índice na sua vida financeira.
Veja como a inflação afeta seu bolso.
1. Orçamento mensal
O orçamento mensal sofre impacto direto do IPCA, pois a taxa representa a variação média dos preços dos produtos e serviços mais consumidos pelas famílias — com pesos diferentes, de acordo com a importância nos lares.
Isso não significa que o seu consumo mensal individual seguirá sempre a inflação oficial do país, porque o indicador é calculado com base nos hábitos financeiros e de consumo da maioria da população.
Confira a seguir os pesos dados às categorias que compõem o IPCA:
● Transportes: 21%
● Alimentação e bebidas: 21%
● Habitação: 15%
● Saúde e cuidados pessoais: 13%
● Despesas pessoais: 10%
● Educação: 6%
● Comunicação: 5%
● Vestuário: 5%
● Artigos de residência: 4%.
Então, se você é vegetariano e não tem filhos em idade escolar, por exemplo, seu índice de inflação pessoal será bem diferente do IPCA, já que a carne vermelha e a mensalidade escolar têm grande peso no cálculo do IBGE.
No acumulado do último ano, dentre os 50 itens que mais puxaram a inflação para cima foram o morango, com aumento de 75%, passagens aéreas com 47%, azeite de oliva com 37% e transporte público com 12%.
No entanto, segundo noticiou o G1, os itens que mais influenciaram o IPCA em 2023 foram gasolina, emplacamento e licença e plano de saúde, com 0,56, 0,53 e 0,43 pontos percentuais, respectivamente.
2. Poder de compra
Um dos principais impactos do IPCA é sentido no poder de compra, pois seu dinheiro perde valor à medida que a inflação sobe.
Logo, se a variação do seu salário de um ano para o outro for menor do que o IPCA, significa que os preços dos produtos e serviços vão subir mais do que a sua renda.
Ou seja: você vai comprar menos com o mesmo salário — daí a importância da correção pela inflação.
De 2023 para 2024, por exemplo, seria preciso ter um aumento de 4,62% (IPCA acumulado no período) para manter o poder de compra — e acima disso para aumentá-lo.
3. Acesso ao crédito
Além do consumo, o IPCA também afeta as condições de crédito do mercado e o ritmo da economia como um todo.
Basicamente, o Banco Central usa a taxa Selic como principal mecanismo de controle do IPCA, para evitar uma alta descontrolada e fenômenos como a hiperinflação dos anos 1980.
Funciona assim: se a inflação está subindo além do desejado, o banco aumenta a taxa Selic para desacelerar a economia e restringir o acesso ao crédito, freando o consumo para reduzir o IPCA.
Do contrário, se a inflação está muito baixa ou negativa (abaixo da meta), o BC diminui a taxa Selic para estimular o comércio, reduzir juros do crédito e aquecer a economia.
A taxa Selic começou 2023 em 13,75% ao ano e vem acumulando 5 quedas seguidas, para 11,25% em janeiro de 2024.
Isso significa que está havendo uma redução na taxa de juros para que a população tenha mais poder de compra e investimento, a fim de aquecer a economia.
Uma vez que o consumo aumente, os preços aumentarão, impactando no IPCA e elevando a inflação.
4. Investimentos
Todos os investimentos são impactados pelo IPCA em alguma medida, já que você precisa garantir, no mínimo, rendimentos acima da inflação para sair ganhando de fato.
A conta é simples: ao fazer uma aplicação ou comprar um ativo, você precisa descontar a inflação, taxas e tributos para descobrir qual o ganho real do investimento.
Se a rentabilidade perder para a inflação, como já aconteceu várias vezes com a poupança, significa que você está perdendo dinheiro em vez de ganhar.
Por exemplo, em 2019, a poupança teve retorno real negativo de -0,05%, após descontar a inflação de 4,31%.
Para não ter seu patrimônio corroído, a regra é investir em produtos que acompanhem ou superem o IPCA.
Trazemos algumas alternativas abaixo.
Como se proteger do IPCA?
Investir com consciência é uma forma inteligente de proteger seu patrimônio, evitando a desvalorização em época de inflação e IPCA altos.
Títulos atrelados à taxa básica de juros (Selic) ou ao próprio IPCA são boas opções para investidores de primeira viagem que não têm muito conhecimento sobre essa área.
Essas são alternativas enquadradas em renda fixa, que reúne investimentos de baixo risco, ou seja, diminuem as chances de perder dinheiro.
Dentro desse escopo, dá para investir, por exemplo, em:
- Títulos do Tesouro Direto: são papéis de empréstimo ao Governo Federal, que devolve os valores com juros. É possível investir mesmo quantias pequenas, adquirindo frações dos títulos. Inclusive, o Tesouro IPCA é indexado à inflação, garantindo que você preserve o patrimônio
- CDBs: são Certificados de Depósito Bancário, que funcionam como empréstimos concedidos aos bancos. Para vencer a inflação, prefira CDBs que rendem ao menos 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Opções como o CDB Neon têm liquidez diária, permitindo resgate a qualquer momento
- LCIs/LCAs: Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI) são títulos emitidos para financiar empréstimos ao agronegócio ou setor imobiliário. São isentos do Imposto de Renda, no entanto, exigem altos investimentos e não podem ser sacados antes do vencimento.
Em renda variável, é possível ter ganhos bem acima da inflação com ações, por exemplo, mas também é preciso ter mais experiência e um perfil arrojado.
Como investir no CDB Neon?
Com o CDB Neon, você tem liquidez diária, ou seja, pode resgatar seu dinheiro a hora que precisar, e ainda pode ter até 113% de rendimentos.
Além disso, você pode começar com apenas R$ 1 e seu dinheiro investido pode ser transformado em limite de cartão de crédito.
E você ainda conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
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