
Descubra o que é IPCA e como ele impacta sua vida financeira

Você sabe o que é IPCA e como ele afeta seu bolso, suas compras e até seu acesso ao crédito?
Em 2021, esse índice fechou em 10,06%, o que significa que os preços de produtos e serviços básicos tiveram o maior aumento desde 2015. A alta nos custos significa que houve inflação, nesse caso, bem acima da meta estabelecida para aquele ano, de 5,25%.
Ao longo de 2022, o Banco Central manteve a taxa Selic (taxa básica de juros) em índices altos para tentar controlar a inflação, que chegou a permanecer em baixa por 17 semanas consecutivas.
Porém, o encarecimento de alimentos, aluguel e transportes fez o IPCA voltar a subir em novembro, levando economistas a prever que a inflação fique em 5,88% ao ano.
Nos próximos tópicos, explicaremos por que é importante acompanhar o IPCA e entender como ele impacta sua vida financeira, além das perspectivas para a economia do país.
Confira!
O que é IPCA?
Dá para entender o que é IPCA (chamado também de Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em poucas palavras: ele é o principal indicador que mede a taxa de inflação (ou deflação) dos produtos e serviços consumidos no país.
Ou seja: é o índice oficial da variação de preços do varejo, que abrange os itens consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos (cerca de 90% dos consumidores em áreas urbanas aqui no Brasil).
Seu cálculo é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde 1979, com base na variação de preço de mais de 400 produtos e serviços que fazem parte do dia a dia dos brasileiros.
Entre as categorias pesquisadas estão: alimentação, habitação, vestuário, transportes, despesas pessoais, educação e comunicação.
Basicamente, o instituto coleta os preços dos itens consumidos mês a mês, considerando o peso de cada categoria no orçamento familiar. Assim, é possível calcular se os preços aumentaram (taxa média da inflação) ou diminuíram (deflação).
Para que serve o IPCA?
Após saber o que é IPCA, fica fácil entender sua importância na economia brasileira.
A partir desse índice, descobrimos se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro, considerando produtos e serviços básicos como alimentação, passagem de ônibus, material escolar, e assistência médica, por exemplo.
Por isso, ele é considerado o índice oficial da inflação pelo Banco Central e usado como base para definir a política monetária do país e manter a alta dos preços sob controle.
A partir de seu resultado (entre outras variáveis), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) verifica se o governo federal atingiu ou não as metas de inflação e define se é preciso manter, baixar ou elevar a taxa de juros básica da economia — a taxa Selic.
Além disso, o IPCA mostra como anda o custo de vida no Brasil e os movimentos da economia, permitindo um diagnóstico do poder de compra da população, ou seja, quantos produtos e serviços o seu salário consegue pagar.
Para os investidores, é um termômetro essencial, pois várias aplicações usam o IPCA como indexador, assim, ele afeta diretamente a remuneração da renda fixa.
Como é calculado o IPCA?
O cálculo do IPCA é realizado pelo Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC) do IBGE, por meio de uma pesquisa mensal em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, além de concessionárias de serviços públicos e internet.
Os dados são coletados nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
São considerados os valores cobrados por cerca de 400 produtos e serviços, ofertados por 30 mil estabelecimentos localizados nessas regiões metropolitanas.
Cada área recebe um peso diferente para o cálculo do IPCA, de acordo com sua relevância econômica e a população que vive ali. São Paulo, por exemplo, tem peso de 32,3%, enquanto Salvador fica em 6%.
Outro fator relevante é a divisão dos itens avaliados pelo índice em nove grupos diferentes, que podem mudar para acompanhar novos hábitos de consumo das famílias brasileiras.
Esses grupos também têm pesos distintos, atribuídos com base em sua importância para a qualidade de vida da população. O grupo Alimentação e Bebidas, por exemplo, é responsável por quase um quinto da inflação (19,3%).
Todos esses detalhes entram no cálculo do IBGE, que divulga o IPCA mensal comparando os dados do mês atual com o anterior, e apresenta o índice acumulado no ano e nos últimos 12 meses.
Quanto está o IPCA hoje?
Em novembro de 2022, o IPCA registrou aumento de 0,53% — o que representou uma alta de 5,35% ante o mês de outubro e de 6,17% em relação aos 12 meses anteriores.
Vale lembrar que esse percentual corresponde apenas ao mês de novembro, então, os valores podem ser diferentes se você estiver lendo este artigo a partir de dezembro de 2022.
Isso porque o IBGE acompanha os preços e calcula uma prévia da inflação anual mensalmente, alterando o IPCA.
Para consultar o índice atual, você pode acessar o site do instituto, onde também é possível verificar a variação mensal por cidade e categoria de produtos e serviços, além de conferir o histórico do IPCA completo.
Qual a diferença entre INPC e IPCA?
Além de saber o que é IPCA, também é importante conhecer outros indicadores de inflação usados no Brasil.
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), por exemplo, também é calculado pelo IBGE, mas engloba apenas as famílias que ganham de 1 a 5 salários mínimos, que são mais vulneráveis à alta dos preços por conta da baixa renda.
Ambos seguem a mesma lógica de cálculo, utilizando pesquisas mensais, categorias e pesos diferentes de acordo com a importância dos itens pesquisados.
Como citamos antes, a inflação havia mantido uma tendência de queda entre julho e setembro de 2022, até que voltou a subir em outubro.
Por consequência, tanto IPCA quanto INPC registraram altas, mas com diferença. Enquanto o IPCA de outubro ficou em 0,59%, o INPC foi de 0,47% no mesmo período.
Além disso, o IBGE também divulga o IPCA-15, que considera os preços pesquisados do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência, e o IPP, voltado para a variação de preços da indústria.
Há ainda outros índices de inflação como o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pelo Índice Geral de Preços do Mercado e conhecido como “inflação dos aluguéis”, e o IPC-Fipe, que mede a variação de preços na cidade de São Paulo.
4 impactos do IPCA na sua vida financeira
Agora que ficou claro o que é IPCA, já podemos nos concentrar nos impactos desse índice na sua vida financeira.
Veja como a inflação afeta seu bolso.
1. Orçamento mensal
O orçamento mensal sofre impacto direto do IPCA, pois a taxa representa a variação média dos preços dos produtos e serviços mais consumidos pelas famílias — com pesos diferentes, de acordo com a importância nos lares.
Isso não significa que o seu consumo mensal seguirá sempre a inflação oficial do país, porque o indicador é calculado com base nos hábitos financeiros e de consumo da maioria da população.
Confira a seguir os pesos dados às categorias que compõem o IPCA:
- Transportes: 20,6%;
- Alimentação e bebidas: 19,3%;
- Habitação: 15,6%;
- Saúde e cuidados pessoais: 13,5%;
- Despesas pessoais: 10,7%;
- Educação: 6,1%;
- Comunicação: 5,7%;
- Vestuário: 4,6%;
- Artigos de residência: 3,8%.
Então, se você é vegetariano e não tem filhos em idade escolar, por exemplo, seu índice de inflação pessoal será bem diferente do IPCA, já que a carne vermelha e a mensalidade escolar têm grande peso no cálculo do IBGE.
Outro exemplo é a situação da inflação em outubro de 2022. Embora o IPCA tenha registrado alta de 0,59%, três grupos avaliados seguiam com variações negativas, ou seja, queda de preços naquele mês: transportes (-0,64%), comunicação (-0,42%) e artigos de residência (-0,35%).
No entanto, segundo noticiou a Folha, categorias com maior peso no orçamento das famílias em geral aumentaram, como alimentação (0,21%), e saúde e cuidados pessoais (0,80%).
Nesse caso, as famílias de baixa renda foram as mais afetadas, já que a maior parte de seus rendimentos é destinada ao supermercado.
Uma opção, nesse caso, é conferir o IPCA para cada categoria de produtos e serviços, de acordo com o seu consumo usual.
2. Poder de compra
Um dos principais impactos do IPCA é sentido no poder de compra, pois seu dinheiro perde valor à medida que a inflação sobe.
Logo, se a variação do seu salário de um ano para o outro for menor do que o IPCA, significa que os preços dos produtos e serviços vão subir mais do que a sua renda. Ou seja: você vai comprar menos com o mesmo salário — daí a importância da correção pela inflação.
De 2021 para 2022, por exemplo, seria preciso ter um aumento de 10,06% (IPCA acumulado no período) para manter o poder de compra — e acima disso para aumentá-lo.
3. Acesso ao crédito
Além do consumo, o IPCA também afeta as condições de crédito do mercado e o ritmo da economia como um todo.
Basicamente, o Banco Central usa a taxa Selic como principal mecanismo de controle do IPCA, para evitar uma alta descontrolada e fenômenos como a hiperinflação dos anos 1980.
Funciona assim: se a inflação está subindo além do desejado, o banco aumenta a taxa Selic para desacelerar a economia e restringir o acesso ao crédito, freando o consumo para reduzir o IPCA.
Do contrário, se a inflação está muito baixa ou negativa (abaixo da meta), o BC diminui a taxa Selic para estimular o comércio, reduzir juros do crédito e aquecer a economia.
No cenário de 2022, por exemplo, o Brasil vivenciou o ciclo mais longo de altas de juros, com a Selic atingindo a marca de 13,75%.
De acordo com o Comitê de Política Monetária (Copom), a manutenção de uma taxa de juros tão alta foi necessária para alcançar a meta de inflação, definida em até 5% ao ano.
Em um momento como esse, a expectativa é que você tenha menor acesso ao crédito e juros mais altos — condições que dificultam investimentos e a realização de grandes projetos, como uma viagem internacional.
4. Investimentos
Todos os investimentos são impactados pelo IPCA em alguma medida, já que você precisa garantir, no mínimo, rendimentos acima da inflação para sair ganhando de fato.
A conta é simples: ao fazer uma aplicação ou comprar um ativo, você precisa descontar a inflação, taxas e tributos para descobrir qual o ganho real do investimento.
Se a rentabilidade perder para a inflação, como já aconteceu várias vezes com a poupança, significa que você está perdendo dinheiro em vez de ganhar.
Por exemplo, em 2019, a poupança teve retorno real negativo de -0,05%, após descontar a inflação de 4,31%. Para não ter seu patrimônio corroído, a regra é investir em produtos que acompanhem ou superem o IPCA.
Trazemos algumas alternativas abaixo.
Como se proteger do IPCA?
Investir com consciência é uma forma inteligente de proteger seu patrimônio, evitando a desvalorização em época de inflação e IPCA altos.
Títulos atrelados à taxa básica de juros (Selic) ou ao próprio IPCA são boas opções para investidores de primeira viagem que não tenham muito conhecimento sobre essa área.
Essas são alternativas enquadradas em renda fixa, que reúne investimentos de baixo risco, ou seja, diminuem as chances de perder dinheiro.
Dentro desse escopo, dá para investir, por exemplo, em:
- Títulos do Tesouro Direto: são papéis de empréstimo ao Governo Federal, que devolve os valores com juros. É possível investir mesmo quantias pequenas, adquirindo frações dos títulos. Inclusive, o Tesouro IPCA é indexado à inflação, garantindo que você preserve o patrimônio;
- CDBs: são Certificados de Depósito Bancário, que funcionam como empréstimos concedidos aos bancos. Para vencer a inflação, prefira CDBs que rendem ao menos 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Opções como o CDB Neon têm liquidez diária, permitindo resgate a qualquer momento;
- LCIs/LCAs: Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI) são títulos emitidos para financiar empréstimos ao agronegócio ou setor imobiliário. São isentos do Imposto de Renda, no entanto, exigem altos investimentos e não podem ser sacados antes do vencimento.
Em renda variável, é possível ter ganhos bem acima da inflação com ações, por exemplo, mas também é preciso ter mais experiência e um perfil arrojado.
Entendeu o que é IPCA e como esse indicador afeta sua vida financeira? Continue acompanhando os conteúdos do blog Neon para saber tudo o que você precisa sobre finanças.
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