Abordar a educação financeira nas escolas faz bem ao futuro não apenas de nossos filhos, mas de toda uma geração.
Ter uma vida estável e realizar sonhos que dependem de dinheiro, certamente, é algo desejado para eles.
Mas essa é uma realidade difícil no contexto atual, onde há recorde de endividados (quatro em cada dez brasileiros, segundo estimativas).
É nesse cenário que a educação financeira desponta como solução de longo prazo para promover a estabilidade econômica no país.
Sua proposta é ensinar a população a controlar os gastos desde a infância, reduzindo o número de pessoas no vermelho, que acumulam dívidas e têm dificuldade de pagá-las.
Continue lendo para saber mais sobre os benefícios da educação financeira infantil e entenda como falar sobre dinheiro de maneira que os pequenos entendam.
O que é educação financeira nas escolas?
Educação financeira nas escolas é o conjunto de conhecimentos práticos e teóricos que ensinam as crianças a lidar com o dinheiro de maneira saudável.
Por influência da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), o ensino de conceitos econômicos faz parte dos assuntos escolares sugeridos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A BNCC é a documentação que orienta todas as escolas públicas e privadas em território nacional, sendo uma das mais importantes referências para a elaboração de grades curriculares adequadas.
Dessa forma, as próprias diretrizes do governo reconhecem a educação financeira na escola como fundamental para o desenvolvimento saudável dos jovens.
Em geral, as cartilhas de ensino contemplam tópicos como:
- Conceitos básicos: o que é poupança, despesa fixa, fonte de renda e orçamento
- Formas de guardar dinheiro
- O que são gastos supérfluos e como evitá-los
- Tipos de investimentos, como aplicações em renda fixa e variável
- Cálculo de juros
- A diferença entre investimentos a curto, médio e longo prazo
- A melhor forma de pagamento para cada tipo de situação financeira.
Abordando esses temas, o objetivo da educação financeira é capacitar os alunos a tomar decisões responsáveis envolvendo dinheiro.
Qual a importância da educação financeira nas escolas?
O desenvolvimento de habilidades financeiras logo na infância é fundamental para evitar problemas com o dinheiro ao longo da vida.
Inclusive, segundo estudo divulgado pelo Banco Central, a educação financeira na escola eleva as chances de os jovens tornarem-se economicamente responsáveis durante a fase adulta.
Isso porque as crianças aprendem logo cedo a guardar dinheiro, reduzir compras supérfluas e realizar investimentos seguros e rentáveis.
Ao incluir o aprendizado financeiro na grade curricular, as escolas estão incentivando decisões econômicas mais inteligentes.
E vale lembrar que a redução do estresse emocional relativo a dívidas contribui muito para a qualidade de vida em aspectos gerais.
Em muitos aspectos, ter segurança financeira é fundamental para a estabilidade mental e prevenção de transtornos de ansiedade.
Assim, não resta dúvidas de que a educação financeira nas escolas traz benefícios tanto individuais quanto coletivos, contribuindo para uma sociedade mais saudável.
Leia também: Educação financeira: estudo é caminho para jovens sem dívidas
Como abordar educação financeira nas escolas?
Ao elaborar o conteúdo programático de educação financeira, as escolas podem organizar as aulas por temas gerais.
Das classes mais jovens às mais avançadas, o nível de complexidade e aprofundamento do conteúdo vai aumentando, até chegar em tópicos específicos com cálculos mais difíceis.
Para facilitar seu planejamento, listamos os principais temas abordados em educação financeira nas escolas:
Tópicos | Exemplos de conteúdo |
Conceitos básicos | O que é dinheiro e quais são as formas de pagamento Diferença entre receita e despesa O que é poupança O que é orçamento financeiro Quais são os tipos de investimentos O que são juros |
Poupança e investimentos | Importância da reserva de emergência Formas de economizar dinheiro O que é rentabilidade O que é liquidez Riscos dos investimentos Qual a diferença entre conta-corrente e poupança |
Planejamento financeiro | O que são metas financeiras de curto, médio e longo prazo A diferença entre despesas fixas e variáveis Como montar uma planilha de controle financeiro Como distribuir corretamente os gastos (por exemplo, o método 50-30-20) |
Linhas de crédito | Vantagens e desvantagens de cada tipo de crédito Cálculo de juro O que é a taxa de esforço Como funciona a fatura do cartão de crédito Como evitar o superendividamento |
Consumo consciente | O que é pesquisa de preços Como analisar o custo-benefício dos produtos O que são gastos supérfluos Estratégias para evitar compras por impulso Impactos socioambientais do consumismo O que é economia circular e seus benefícios |
Em geral, jogos e brincadeiras são muito eficazes para introduzir as definições iniciais sobre o que é dinheiro, quais são os métodos de pagamento e como juntar dinheiro.
Para ficar por dentro de outras formas de ensinar finanças nas escolas, continue lendo!
8 atividades de educação financeira para ensinar nas escolas
Existem várias formas de incluir o aprendizado financeiro no cotidiano escolar das crianças.
O segredo é sempre usar as ferramentas mais adequadas à faixa etária dos alunos.
Veja algumas abordagens eficazes de educação financeira nas escolas:
1. Brincadeiras de tabuleiro
Monopoly, também conhecido como Banco Imobiliário, é um famoso jogo de tabuleiro que facilita o aprendizado financeiro em todas as idades.
Outras dicas de jogos são o Renda Passiva e o Um Dia no Shopping.
Veja nossa lista de jogos de tabuleiro para ensinar finanças!
2. Jogos virtuais
Brincadeiras digitais despertam muito a atenção dos jovens, não é mesmo?
Por isso, vale a pena contar com a ajuda de games como Meu dinheiro, Meu negócio e Tá O$$O para ensinar conceitos importantes de reservas financeiras e investimentos.
3. Exercícios de matemática financeira
As contas de matemática são a forma clássica de aprender a cuidar bem do dinheiro.
Ainda que hoje em dia existam aplicativos e planilhas automáticas, os alunos precisam treinar o raciocínio lógico por trás dos cálculos.
Dessa forma, os jovens vão desenvolver a capacidade analítica fundamental para boas decisões financeiras ao longo da vida.
4. Brincadeiras de faz de conta
Para as crianças pequenas, vale a pena propor brincadeiras de “faz de conta”, que ensinem a importância de usar bem o dinheiro.
Por exemplo, brinque de comprinhas no supermercado imaginário.
Para tornar mais realista a experiência, use papéis coloridos para simular o dinheiro em espécie e corte quadrados plásticos para fingir que são cartões de crédito.
5. Momentos de leitura
Para todas as idades, a leitura é uma ferramenta indispensável de aprendizado.
Na área de educação financeira, existem obras que ajudam a explicar aos jovens de forma divertida como usar o dinheiro prudentemente.
Aqui listamos 10 dicas de livros para ensinar finanças a suas crianças.
6. Músicas alegres
Os pequenos não precisam ficar de fora do aprendizado financeiro.
Músicas alegres sobre assuntos financeiros ensinam de forma leve, sem sobrecarregar as crianças.
Dica: no YouTube, existem dezenas de vídeos infantis com canções divertidas.
7. Desenhos animados
Além das músicas, os desenhos também podem auxiliar os professores a ensinar sobre dinheiro.
Por exemplo, diversos conteúdos produzidos pela Turma da Mônica estão disponíveis gratuitamente na internet.
8. Podcasts
Nossa última dica vai para os alunos mais velhos, principalmente adolescentes e jovens adultos.
Podcasts são uma forma prática de aprender conteúdos avançados com profissionais do ramo.
Veja 7 canais de podcasts para aprender sobre finanças.
E como ensinar educação financeira em casa?
Os pais desempenham um papel fundamental na educação financeira dos filhos, ensinando desde cedo o valor do dinheiro e a importância de economizar e planejar gastos.
Eles podem usar situações cotidianas, como compras e a mesada educativa, para introduzir conceitos básicos de orçamento, poupança e investimento.
Além disso, ao serem exemplos de hábitos financeiros saudáveis, os pais influenciam diretamente as atitudes e comportamentos das crianças.
É uma forma de preparar os filhos para um futuro financeiro responsável e seguro.
No caso da mesada educativa, vale lembrar que seu valor deve sempre estar alinhado às possibilidades financeiras da família, de modo a evitar impactos negativos no orçamento mensal.
E mais: os ensinamentos são mais importantes do que a quantia.
Afinal, o objetivo não é simplesmente colocar o dinheiro nas mãos das crianças, mas incentivar o cuidado com as finanças pessoais.