O superendividamento é aquela situação na qual uma pessoa não consegue pagar as dívidas sem comprometer seu mínimo necessário para cobrir os gastos básicos.
Das instabilidades na economia nacional a imprevistos financeiros pessoais, são inúmeras as causas que levam a esse cenário complicado e que pega muita gente.
Quase 80% dos brasileiros se encontram endividados, ou seja, com pagamentos pendentes ou em atraso.
Mas fica pior quando mais de 50% da renda do indivíduo está comprometida com dívidas — que é o que caracteriza o superendividamento.
Segundo dados da Associação Nacional de Assistência aos Superendividados (Anas), divulgados em Valor Investe, essa é uma situação crítica entre os mais pobres.
Do total de superendividados, 68,48% possuem renda mensal média entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
Autônomos, servidores públicos e aposentados ou pensionistas são um perfil comum nesse grupo, de acordo com a entidade.
Neste texto, vamos falar sobre as principais causas que levam a essa situação e o que fazer para evitar esse cenário.
Continue lendo e veja tudo o que você precisa saber a respeito do superendividamento.
O que é superendividamento?
Superendividamento é a situação financeira em que uma pessoa ou família acumula dívidas além de sua capacidade de pagamento, comprometendo a maior parte de sua renda mensal.
Nessa condição, o indivíduo se vê impossibilitado de pagar até mesmo as despesas essenciais, como alimentação, saúde e moradia.
Em outras palavras, a proporção de faturas, boletos e parcelas de empréstimos é tão grande que a pessoa compromete toda a sua renda, não conseguindo mais manter em dia seus outros gastos pessoais.
Essa é certamente uma situação complicada, não é mesmo?
E as razões por trás desse nível de comprometimento das finanças são variadas, como veremos a seguir.
Por que ocorre o superendividamento?
O superendividamento é causado por fatores como consumo excessivo, desemprego ou imprevistos, sobre os quais vamos falar mais a seguir.
Ele pode levar à exclusão social e financeira, sendo necessária intervenção para renegociar dívidas e reeducação financeira para evitar recaídas.
Para entender as causas do superendividamento, é importante analisar como funciona o mercado financeiro e a sociedade na qual todos nós estamos inseridos.
O que ocorre hoje não apenas no Brasil, mas no mundo como um todo, é a oferta generalizada de crédito de diferentes modalidades (cartão de crédito, empréstimos, financiamentos, etc.).
O ponto é que o acesso ao crédito é facilitado e muitas vezes incentivado para as pessoas obterem os bens de consumo que desejam.
Não é possível afirmar que isso é necessariamente certo ou errado, mas é fato que pouco se fala sobre educação financeira.
Então, as pessoas acabam agindo por impulso, adquirindo mais crédito do que podem pagar e a situação vira uma “bola de neve”.
Com dívidas se acumulando, os juros compostos começam a aumentar exponencialmente e as dívidas se tornam muito maiores do que o estipulado inicialmente, causando o superendividamento do consumidor.
Principais causas do superendividamento
Inúmeros fatores podem levar ao acúmulo de dívidas, mas listamos aqui alguns deles para você entender se está tomando decisões que estão te deixando mais perto dessa situação ou não:
- Falta de gestão financeira
- Compras excessivas de itens supérfluos
- Contratação de créditos com juros muito altos
- Muitos parcelamentos que extrapolam o orçamento
- Entrada nos juros rotativos do cartão de crédito, um dos mais caros do mercado
- Falta de uma reserva de emergência para ter dinheiro disponível em situações fora do seu controle.
É claro que podem existir outras circunstâncias que levam a isso, mas o objetivo aqui é garantir que você não chegue a esse ponto.
Contudo, caso você se encontre com dívidas que ultrapassam sua renda e você não consegue mais pagar, então é preciso saber como sair dessa condição.
Ainda neste texto, vamos trazer dicas sobre isso.
O que é a Lei do Superendividamento?
Em 1º de julho de 2021, foi aprovada a Lei 14.871/2021, também conhecida por “Lei do Superendividamento”.
Seu conteúdo altera tanto o Código de Defesa do Consumidor (CDC) quanto o Estatuto do Idoso, duas classes da sociedade amplamente afetadas por esse problema.
Os principais pontos abordados são a prevenção do superendividamento, assim como a conciliação com as instituições credoras.
Por exemplo, a lei permite a negociação de determinadas dívidas adquiridas da aquisição de bens e serviços, como contas de energia, faturas do cartão de crédito e parcelas do crediário.
A legislação também define que as empresas devem ser transparentes em relação a todas as taxas, juros e custos que possam impactar o preço final do produto, serviço ou crédito oferecido.
Ainda, impede que os consumidores sejam forçados a contratar ou comprar algo que não desejam.
Como acionar a Lei do Superendividamento?
Em primeiro lugar, é preciso avaliar quais dívidas poderão ser renegociadas pela Lei do Superendividamento.
Como mencionamos, isso inclui as parcelas e faturas associadas à compra de bens e serviços, desde que não estejam relacionadas a dívidas de tributação nem à aquisição de itens de luxo.
Em seguida, reúna evidências que comprovem que as dívidas estão prejudicando suas despesas essenciais, como moradia e alimentação.
Demonstre que os débitos estão acima do “mínimo existencial”, que é o valor necessário para que você tenha as condições mais básicas de moradia, saúde e alimentação.
Por fim, tendo toda documentação em mãos, entre em contato com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (Procon) disponível na sua cidade ou região.
A depender da complexidade do caso, talvez seja necessário também a contratação de um advogado especialista para acionar a Justiça.
Enquanto você aciona a Lei do Superendividamento, pode colocar em prática algumas das nossas dicas a seguir para melhorar seu planejamento financeiro.
Como resolver o superendividamento? 5 dicas
Ao se deparar com o acúmulo de dívidas, é completamente natural que as pessoas se sintam culpadas por estarem em tais condições.
No entanto, é preciso lembrar que existe um contexto macroeconômico que contribui para esse cenário, de modo não ser justo que uma pessoa carregue sozinha o “peso” de estar superendividada.
Isso é importante ser explicado, pois, para sair dessa situação, é necessário ter a cabeça no lugar, e sempre lembrar que você está dando o seu melhor diante da sua realidade, condições e recursos que têm em mãos.
Agora, vamos às dicas para resolver o superendividamento.
1. Faça um levantamento de todos os seus ganhos e gastos
O primeiro passo é mapear quais são todas as suas dívidas, renda e movimentações financeiras.
Parece óbvio, mas grande parte da população brasileira não controla o orçamento, não calcula quanto paga de juros, não tem planejamento para imprevistos e não sabe exatamente quanto ganha.
Essa é a receita certeira para contrair cada vez mais dívidas. Por isso, é preciso anotar cada centavo que entra e sai da sua conta.
Você pode usar um caderno, uma planilha, um bloco de notas no computador, qualquer recurso, desde que acompanhe todo o seu orçamento de perto.
2. Ajuste seu padrão de vida à sua realidade
Tendo conhecimento da sua realidade financeira, você conseguirá definir quanto de fato pode gastar todos os meses.
Especialmente em um contexto de superendividamento, muito provavelmente, você precisará viver um degrau abaixo para fazer as contas fecharem.
Também é fundamental ter cuidado com os gastos supérfluos e cortar tudo aquilo que é desnecessário do seu orçamento.
Pondere sobre o que pode ser eliminado (mesmo que temporariamente) para você realocar o dinheiro para quitar suas dívidas.
Aproveite e veja aqui como readequar seu padrão de vida ao seu orçamento.
3. Veja se você consegue trocar uma dívida cara por uma barata
Se você tem muitas dívidas com diferentes taxas de juros, avalie se é possível centralizar todas elas em uma despesa única.
Uma alternativa é contratar um empréstimo para quitar todas as pendências financeiras e ter apenas um juro ativo.
Porém, é preciso muita cautela para tomar essa decisão, pois você deve comparar todos os encargos, como o CET (Custo Efetivo Total) para garantir que de fato vai economizar com a operação.
Neste artigo explicamos como avaliar se vale a pena trocar uma dívida por outra.
4. Renegocie com os seus credores
Você também pode recorrer às negociações com credores para conseguir condições melhores, prazos maiores e rever as taxas de juros, por exemplo.
Ao fazer isso, você pode conseguir sair do superendividamento mais rapidamente e ainda limpar o seu nome.
5. Faça uma renda extra
Caso seja possível, considerando a sua rotina e realidade, procure oportunidades para fazer renda extra, pois isso te dará um fôlego a mais para arcar com as dívidas que tem no momento.
Vale vender itens usados que não têm mais utilidade para você, dar aulas de um assunto que você sabe bastante, fazer um trabalho freelancer na sua área de conhecimento, cuidar de animais de estimação, vender algum tipo de alimento (como marmitas ou doces), enfim.
Não faltam ideias e oportunidades, avalie qual a melhor para você.
Leia também: Como ganhar dinheiro nas redes sociais: 10 dicas
Como fazer um plano de pagamento de superendividamento?
Pela legislação, a pessoa superendividada pode apresentar aos credores uma proposta de plano de pagamento, com as condições de parcelamento e juros acessíveis à realidade financeira do devedor.
De modo geral, você pode usar uma planilha para organizar as informações e facilitar a consulta dos valores.
Veja só como organizar seu plano:
- Primeiro, inclua na planilha as informações do quanto você ganha por mês
- Em seguida, faça as contas de qual é o seu “mínimo existencial” (o valor mínimo para que você quite suas despesas mais básicas de alimentação, saúde, moradia, energia e água)
- Em seguida, anote as suas dívidas e calcule o valor total
- Faça uma proposta de parcelamento da dívida em até 5 anos, de modo a respeitar o valor do seu mínimo existencial
- Para calcular as parcelas, faça a proposta de uma taxa de juros que seja acessível ao seu orçamento.
Caso você esteja com dúvidas sobre como organizar todos esses dados, vale a pena usar alguma plataforma digital que faz os cálculos e planilha os resultados.
O que fazer para evitar o superendividamento?
Agora que você já sabe o que é superendividamento, conhece as principais causas e sabe como sair dessa situação, é válido aprender o que fazer para evitar estar superendividado.
Confira algumas boas práticas.
Mantenha seu planejamento financeiro em dia
O primeiro hábito está relacionado à dica dada acima sobre anotar tudo o que você ganha e gasta.
Você deve manter sua organização financeira em dia não só para sair das dívidas, mas principalmente para não voltar mais a estar endividado.
Então, reserve um tempo na sua agenda para atualizar o seu planejamento financeiro e garantir que todas as movimentações financeiras estejam sob controle.
Priorize a montagem da sua reserva de emergência
Um dos motivos que levam ao superendividamento são as situações imprevisíveis, como uma manutenção na casa, um acidente, o falecimento de um familiar ou perda de emprego, por exemplo.
Para evitar fazer dívidas e quitar essas despesas, é fundamental ter uma reserva de emergência, a qual deve ser suficiente para contemplar de 6 a 24 meses do seu custo de vida mensal.
O valor pode parecer muito alto no começo, mas comece poupando aos poucos, mantendo a constância no processo.
Com tempo, paciência e disciplina, você verá sua reserva formada.
Reduza gastos supérfluos
Outro ponto importante é analisar com seriedade quais são os seus gastos atuais para eliminar tudo aquilo que não é realmente essencial para você.
É claro que o que é supérfluo para uma pessoa não necessariamente é para outra, mas você vai conseguir identificar quais são as despesas que não agregam muito valor à sua vida hoje.
Tome cuidado com os créditos contratados
Decisões relacionadas a crédito feitas por impulso tendem a levar as pessoas ao superendividamento.
Por isso, tenha cautela ao usar o cartão de crédito (ainda mais se for mais de um), solicitar um empréstimo ou fazer uma dívida de longo prazo, como um financiamento.
Lembre-se sempre de avaliar as taxas de juros e o CET de cada um deles, pois são esses pontos que fazem suas dívidas aumentarem de valor rapidamente.
Acompanhe seu score e evite sujar o nome
Você pode ter um ótimo termômetro da sua vida financeira acompanhando o seu score de crédito com regularidade.
O score é uma pontuação que vai de 0 a 1.000 e mostra qual o risco de uma pessoa não conseguir arcar com suas dívidas.
Também é fundamental não ter o nome sujo, pois isso pode prejudicar a sua vida financeira e significa que existem dívidas pendentes em seu CPF.
Deu para entender o que é superendividamento e o que fazer para evitar isso?
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